quarta-feira, 6 de julho de 2011

DIÁRIO DE DIREÇÃO - "Ignácio & Maria"

Peça: "Ignácio & Maria"
Autor: Nara Mansur
Elenco: Priscila Souza e Ricardo Goulart
Data: 30/06/2011
Início: 9h

Hoje foi o primeiro dia de trabalho da cena 3. Confesso que tenho medo do primeiro dia, ele é a primeira ponte que se estabelece entre o estudo intelectual e memorização verbal de uma cena e sua materialização no corpo. Se não for bem tratado, o primeiro ensaio é o momento de se criar traumas, mesmo que momentâneos ou pequenos, e portanto, problemas a serem diluidos adiante.
Minha estratégia foi deixá-los a vontade e buscar "desligar" o botãozinho do julgamento cerebral e "ligar" o botão da sensorialidade, trazer o inconsciente pro ensaio e dispensar o consciente julgador.
Para tanto, fizemos um trabalho de relaxamento e percepção corporal de aproximadamente 2h, e as 1h restantes foram dedicadas à primeira exteriorização do texto.
No primeiro momento, pedi para que deixassem o corpo lhes ensinar, ensinar a andar, a ser vento, a ser fogo, a ser azul, enfim, deixar o corpo manifestar-se sem impor-lhe pré-planejamentos ou julgamentos limitadores. Por fim, pedí-lhes para serem esse corpo e curtirem esse aprendizado e essa integração, e buscarem a integração completa buscando, os dois, serem um único corpo. Conforme a música fosse cessando, solicitei que fossem esparramando-se no chão (unidos), e quando eles, os corpos, se acomodacem eles poderiam "soltar" o texto da cena 3 sem sairem daquele estado de sensorialidade, de expressividade corporal aguçada e estimulada. Importa dizer que independente das pequenas e naturais cobranças que surgem, o texto saiu da forma mais tranquila e apropriada para uma primeira tentativa. Buscaremos investir nesse trabalho adiante para fortalecer a "amizade corpo-texto-mente", sem criar bloqueios, pré-conceitos, traumas ou desconfortos no texto, OU MELHOR, sem projetar no texto, e por consequência, na peça como um todo, problemas psicológicos que são nossos e que podemos evitar dando às coisas uma a sua devida importância, sem super-valorizá-las.

O ensaio foi belo e me provocou outro "orgasmo" sensorial, isto é, fiquei todo arrepiado em vários momentos. O Ricardo estava num estado de entrega fantástico e a Priscila numa presença física e mental à altura. Repito o já dito: delicioso.

domingo, 3 de julho de 2011

DIÁRIO DO ATOR - Priscila Souza

Peça: "Ignacio&Maria"
Autor: Nara Mansur
Atriz: Priscila Souza
Data: 30/06/2011
Início: 09h

Esse é meu primeiro relato da cena 3, tenho um gosto especial por essa. Maria é uma personagem encantadora: chata, repetitiva, sonhadora, e contraditória. Me identifico com ela, personagem profunda com medos, incertezas e ideologias presentes em nosso cotidiano.

Nesse ensaio começamos com exercícios de alongamento e relaxamento. Depois ao som de algumas músicas deixei meu corpo movimentar-se livre de qualquer comando mental. Adoro movimentos e é como se o meu corpo pedisse uma trégua de tantos comandos rotineiros. Senti uma dificuldade inicial de deixá-lo comandar as ações. Com o exercício me conheci melhor, meu corpo atuou estranho. Cada um tem seu ponto de tensão corporal quando passa por algum stress, o meu é a região das costas. Percebi que os movimentos se concentraram nessa região, nas mãos, pernas e pés. Explorei diferentes meios de me locomover, nos planos: baixo, médio e alto. O mais utilizado foi o plano alto, sinto-me mais confortável. Notei algumas manias corporais como o hábito de mexer os dedos das mãos, ficar na ponta dos pés e abrir a boca. O que significa esses atos sobre mim? Acredito que o corpo “fala”, mas a dificuldade está em identificar a sua denúncia. 

Depois, nossos corpos se encontraram e assim que encontramos uma posição confortável falamos os diálogos da cena. Não lembrei a maioria das minhas falas, tenho dificuldade em decorar textos. O “branco era proporcional a cobrança interna. Será que isso esta relacionado em ter dificuldade de transmitir opiniões pessoais? Talvez.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

DIÁRIO DO ATOR - Ricardo Goulart

Peça: "Ignacio&Maria"
Autor: Nara Mansur
Ator: Ricardo Goulart
Data: 30/06/2011
Início: 09h

No último ensaio (22/06), como me atrasei devido ao trânsito, aproveitamos para fazer cortes de texto na cena 3. É sempre "doloroso" esse momento de cortar texto, principalmente quando se vai alguma fala da qual gostamos muito ou nos identificamos. Pode ser meio tolo, mas às vezes acho que começo a criar algum tipo de relação com algumas falas, as que me chamam mais atenção ou que tem um sentido mais forte, e sinto vontade de guardá-las.

No ensaio de ontem começamos, então, a trabalhar de fato com a cena 3. Fizemos um aquecimento mais leve, na verdade um alongamento, uma conscientização corporal. O exercício seguinte foi uma exteriorização de estímulos.Vínhamos ultimamente trabalhando com a aplicação de estímulos externos ao corpo, mas nesse exercício foi diferente. Carlos pediu que nos concentrássemos e, consequentemente, entrássemos em um "clima" introspectivo. Me pareceu que a ideia era toma consciência do corpo que temos e somos para, então, exteriorizar o que ele nos diz ou guarda. Pedi que ele colocasse um CD da dupla Cocorosie, chamado "Noah's Ark" e a música delas me ajudou muito nesse processo. As melodias calmas, as vozes e instrumentos peculiares...

Depois de se perceber, a instrução era que deixássemos o corpo livre para se movimentar da forma que ele quisesse, sem pensar, sem planejar os movimentos, explorando os planos baixo, médio e alto. Foi um pouco difícil no início, como sempre é pra mim. Principalmente porque me parece que, às vezes, tenho alguma coisa de auto sabotador, como se minha mente fizesse o contrário só porque sabe que é o contrário. Mais ou menos como naquela música que diz "não te dizer o que eu penso, já é pensar em dizer". Mas aos poucos e com a ajuda da música, fui conseguindo me livrar dos pensamentos e os movimentos começaram a fluir naturalmente. Aos poucos, meu corpo foi encontrando o da Pri, e os dois foram interagindo.

Mais tarde, Carlos nos pediu que aos poucos os movimentos fossem cessados e que começássemos a falar o texto da cena 3 na posição em que tivéssemos ficado, sem se preocupar com ordem e exatidão por enquanto. Fizemos, então, um intervalo rápido e depois uma leitura da cena.

Se o ensaio de ontem foi sensorial, só posso defini-lo com um adjetivo: foi uma delícia!

quarta-feira, 29 de junho de 2011

DIÁRIO DO ATOR - Vanessa Grando

Peça: "Canção de ninar para um anarquista"
Autor: Jorge Díaz
Atriz: Vanessa Grando
Data: 25/06/2011
Início: 15h

A minha postagem anterior é referente ao dia 23/06/2011, quinta-feira, feriado.
Agora, esta aqui sim é referente ao último ensaio, sábado, dia 25.

O que é interpretar? Este foi o início proposto pelo Diretor. Uma pergunta que parece ser tão simples de responder. Isso me lembra como definir, por exemplo, "palavra", quando estudei Morfologia em meu curso de graduação em Letras Português. Parece algo fácil de explicar. Parece. E como é bem difícil dizer o que é interpretar, partimos para a ação.

Estou com a sensação de cada último ensaio tem sido melhor que o último, e assim por diante. Temos a oportunidade de trazer a nossa interpretação, a nossa construção, e este ensaio foi muito gostoso e proveitoso. E digo até engraçado, porque justamente quando tínhamos o texto na "caixola", a força das emoções apagou parte deste... O que fez parecer que naquele momento o que importava era a reação dos personagens, o texto vem depois. Sinto-me cada vez mais ansiosa pela definição dos personagens; cada capítulo que já está na ponta da língua me dá a segurança necessária para trazer novas propostas para a Rosaura. E por mais egocêntrica que eu esteja sendo, isto me deixa muito satisfeita, porque a Rosaura está completamente envolvida com o Balbuena... E isso é muito, muito bom. Estamos em sintonia.

Algumas passagens caricatas me fizeram sentir o espírito do Zacarias (Trapalhões) e do Kiko (Chaves) na Rosaura. E a cada risada arrancada dos presentes ali, é o sentimento de que para o personagem, aquilo não tem graça, pois a sua vida é uma tragédia. Não é o personagem ou o ator que ri para tornar a cena realmente engraçada. O teatro está no público. Está na cabeça de cada um que a assiste.

Como recomendação, comecei a ler "A Ética no Teatro", de Stanislavski, e a pesquisar a vida e obra de Bakhtin. Não basta interpretar... É a busca pelo contínuo aprendizado que nunca termina... Sempre se tem algo a aprender.

Lição do dia: mostrar segurança.

domingo, 26 de junho de 2011

DIÁRIO DO ATOR - Vanessa Grando

Peça: "Canção de ninar para um anarquista"
Autor: Jorge Díaz
Atriz: Vanessa Grando
Data: 25/06/2011
Início: 15h00min

Tenho um comentário dos ensaios iniciais escrito em papel, que fiz durante uma aula da minha graduação e ainda não tive oportunidade de publicá-lo no blog. De qualquer forma, no momento, este será o meu primeiro post no diário.
Tendo começado há mais ou menos dois meses, me sinto envergonhada por não ter podido escrever e publicar minhas impressões após cada ensaio. Primeiro, porque quando eu realmente poderia escrever que seria à noite e em casa, eu não tenho Internet. Segundo, meu emprego é corrido, não tenho a possibilidade freqüente de ficar navegando na Internet e quando ao menos eu tento fazê-lo, sou interrompida, seja para atendimento ou para atender aos meus chefes. Meu emprego consome todo o meu tempo, e não tenho conseguido sequer fazer minhas avaliações acadêmicas, meus trabalhos do curso de TV e, por conseguinte, a dedicação 100% que eu gostaria aos ensaios do Cia. Teatro L.A. CHAMA. E isto foi um desabafo. Então, hoje eu resolvi jogar isso tudo pro alto, e dar o devido valor ao tempo para escrever, o que já deveria ter feito.
Seja como for. Meu emprego não me dá valor em momento algum, enquanto o teatro me faz sentir bem, relaxar, e me sinto satisfeita assumindo a vida de um personagem.

Neste feriado, teríamos ensaio depois de duas semanas parados que foi cancelado em função de uma discussão que definiria o futuro de nossa peça. E foi quando mereci um grande puxão de orelha pela minha irresponsabilidade com os horários. Somo a isso todos os meus aprendizados a cada ensaio de sábado que temos. Não sei se por sermos apenas em três: o diretor, eu e meu colega/amigo de palco, Tobias. Ou porque realmente o conhecimento/experiência está implícito na vida de meu diretor. Eu saio de cada encontro com uma lição. E percebi deste último foi que não importa o seu motivo, se você quer ser profissional, preencha todos os requisitos deste adjetivo. Chegar no horário, fazer o meu dever de atriz, respeitar meu colega e meu diretor. E dentro deste respeito, não é apenas a forma de tratamento, está a consideração por alguém que acredita no meu trabalho e deu-me uma chance de atuar. Cumprir meu horário como combinado em respeito ao meu diretor e meu colega. Sinto-me completamente envergonhada e impotente por não poder corrigir o que já fiz de errado, porque eu mesma deveria ter percebido sozinha estes deslizes. E isto é nada mais do que preocupação comigo mesma. Foi um chamado para avaliar como devo ser profissionalmente se eu quiser o devido respeito.

A partir de hoje eu ainda tenho a oportunidade de corrigir este defeito que quase fez com que tudo fosse suspenso. E como dever, a primeira coisa que fiz quando cheguei em meu emprego, foi sentar e escrever, não importasse o que tenho que fazer de primordial. O meu primordial era registrar minhas impressões dos ensaios e é isso que eu preciso sempre fazer, colocá-las no devido lugar em meu planejamento, seja semanal ou diário, não importa as dificuldades que eu tenha para isso. Farei nem que seja num papel para digitar mais tarde e encaminhar via email. Parar de achar que meus problemas são piores que os dos outros, porque todos têm problemas, o que não interessa a ninguém saber da vida particular de cada um. Se eu assumi um compromisso, devo honrá-lo. Sempre há um jeito pra tudo e não ser que eu tenha preguiça cerebral. Esta foi a minha última lição.

“Canção de ninar para um anarquista” foi um presente e honrarei meu compromisso, não só como por dever, mas por prazer.

DIÁRIO DO ATOR - Tobias Nunnes

Peça: "Canção de ninar para um anarquista"
Autor: Jorge Diaz
Ator: Tobias Nunnes
DATA: 25/06/2011


Várias propostas, e algumas descobertas experimentais. A questão persistente de como se viver um instante não propriamente o seu, sendo uma criação sua e deparar-se com novas questões: o que permanece daquilo que se vive momentaneamente? há consistência no efêmero, ou ele apenas proporciona um instante para que o mesmo seja novamente, em tentativa, repetido e lapidado para que surta em algum resultado?
Sempre haverão acréscimos e reformulações, nada permanece o mesmo por minuto que seja, mutações a cada repetição, a semelhança é a essencia. A certeza é a de que nada dura tempo suficientemente como deveria, mas essa é a proposta... reinventar-se.




Seguindo a vertente das propostas, seguem abaixo um tracklist a fim de sugerir algum som para o radinho do Balbuena que fará Rosaura chorar, podendo também levá-la ao desespero, rsrsr.
Espero que algo possa ser aproveitado.

A EUFORIA:

Coração - Carmen Miranda
TicTac do meu coração - Carmen Miranda
Vou festejar - Beth Carvalho
Coração leviano - Clara Nunes
María Mercedez - Thalia
María la del barrio - Thalia
Mulata assanhada - Elza Soares
Cambalache - Carlos Gardel

A FOSSA:

Volta - Fafá de Belém
Ninguém me ama - Nora Ney
Tema de Simone - Maysa
Apelo - Waleska
Venha - Waleska
Canção de Você - Waleska
Quem eu quero não me quer - Tânia Alves
Sombras - Tânia Alves

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"Nunca um acontecimento se tarda quando se quer realizá-lo"
Theofilos Garr

terça-feira, 21 de junho de 2011

DIÁRIO DE DIREÇÃO - "Ignácio & Maria"

Peça: "Ignácio & Maria"
Autor: Nara Mansur
Elenco: Priscila Souza e Ricardo Goulart
Data: 17/06/2011
Início: 9h

Hoje o ensaio foi bom, uma afinação da cena 2, apesar de que necessitamos de outra afinação.
Iniciamos o processo com um diário oral da cena 2, uma descrição detalhada do que os atores tinham em mente do que seria esta cena. Em seguida brincamos de "pegar de bunda" (para pegar o outro, é necessário um tapa na bunda). Inicialmente o jogo não apresentou variações, foi apenas para aquecer, mas depois eu pedi para que eles "desestabilizasse", isto é, além de defenderem-se, que buscassem desviar a atenção do outro, quebrar o seu objetivo. Então passaram a ser ativos (e não só defensivos) também.

Depois fizemos uma repetição da cena 2, com ajustes e definições.

Estou um pouco preocupado porque acho que as 2 semanas de folga para decorar a cena 3, e realizarmos os exercícios desejados, não foi de muito serventia... se minhas suspeitas se confirmarem, será muito decepcionante!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

SINOPSE - "Ignácio & Maria"

"Ignácio & Maria"
Autora: Nara Mansur
Elenco: Priscila Souza e Ricardo Goulart


Ignácio é alguém que precisa ultrapassar limites. As fronteiras de seu país e do amor que lhe foi imposto por Maria são obstáculos que tenta superar quando decide mudar de vida. Maria se torna prisioneira dentro de seus ideais: é uma militante do "amor evidente" e do regime de seu país. Quando uma ilha se torna prisão e o oceano se converte em grades, uns tentam fugir, outros sonham.
"Ignácio & Maria" nos mostra esse contraponto a partir do desfecho, desde o encontro até o desgaste, de uma história de amor. (por Ricardo Goulart).

Essa é a peça mais "difícil" que temos, não porque seja hermética, mas por ser mais uma das peças poemas de Nara Mansur. A dramaturga não dá ao teatro aquilo que convencionou-se esperar no teatro, seus personagens são mais representações que "personas", seu enredo é mais um grito de liberdade e expressão dentro de uma ditadura comunista que uma fábula clássica com começo meio e fim. O texto foi adaptado e traduzido pela Cia. Teatro L.A. CHAMA, sem qualquer pretenção de alterar sua "lógica poética". Classificaríamos esta como a única peça com características realmente Pós-Dramática de "berço", pelas mãos da própria dramaturga cubana.

HORA DO RECREIO - Los pájaros se van con la muerte (Trailler oficial)

quarta-feira, 8 de junho de 2011

DIÁRIO DO ATOR - Ricardo Goulart

Peça: "Ignacio&Maria"
Autor: Nara Mansur
Ator: Ricardo Goulart
Data: 30/05/2011
Início: 14h20min


No último ensaio conseguimos, enfim, concluir o processo de concepção de ações da cena dois. Até então, havíamos caminhado por metade da cena. Antes disso ouvimos as novas versões das paisagens sonoras que fizemos. No meu caso, não houve muitas modificações porque procurei concluir esse trabalho intuitivamente, de forma que eu fosse adicionando sons à medida que alguma frase, trecho ou palavra me chamasse atenção e me trouxesse algum sentimento/reação.

Começamos, então, a trabalhar na cena a partir do ponto em que havíamos parado no ensaio anterior (ensaio extra que fizemos no sábado, dia 28/05). Gosto bastante das soluções que temos criado e de algumas outras que surgem de repente, por insights meus, da Priscis ou do Carlos.

Parece que logo começaremos a trabalhar com a cena 3. Acho que deveríamos trabalhar mais um tempo com a cena 2, agora que ela está praticamente completa, para que as ideias possam amadurecer. Os exercícios iniciais que fazíamos de aproximação entre os atores foram essenciais, mas talvez tenham acabado consumindo certo tempo do processo. Acho que uma saída seria ensaios extras, onde se trabalhasse exclusivamente a cena já completa e continuar com o fluxo normal do processo durante os ensaios semanais.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

DIÁRIO DO ATOR - Priscila Souza

Peça: "Ignacio&Maria"
Autor: Nara Mansur
Atriz: Priscila Souza
Data: 30/05/2011
Início: 14h20min

Eu relutei por escrever este diário a semana toda. Agora tento ser objetiva e verdadeira em descrever o ensaio passado. No dia seguimos com a cena 2, criamos alguns movimentos desde a metade da cena até o final. A seqüência é esta: depois de tirarmos as cadeiras do palco (lembre-se que no início da cena falamos os “monólogos” das mais diferentes formas) Ignácio e Maria se beijam, estes corpos começam a se friccionar um no outro e descem para o chão. Deitados de barriga para cima e ambos apoiados com as cabeças no ombro do outro. É assim que falamos a parte do sexo, entre respiração ofegante e mini movimentos. Depois, Ignácio levanta, me ajuda a levantar e me pega no colo com o objetivo de me colocar no palanque. Ali falarei meu primeiro “bifão” (não decorado até então) a primeira idéia era Maria vociferar esta fala, como um animal arisco. Mas Carlos sugeriu ela dizer como uma boneca estátua. Achei a idéia genial! Continuando a descrição do ensaio: Ignácio me colocará no palanque e me moldará com os gestos que quiser. Eu estátua vou falar deste jeito, só mexerei a boca e os olhos! Ignácio sentado dentro de uma piscina com água ou de uma piscina cheia de bolinhas de plástico coloridas (não decidimos ainda) me assistirá como se fosse uma televisão, nisso pensamos em brincar com o volume de som, pausa e etc. Em seguida assim que termino a fala desço e entro na piscina, lá irá ter uma bexiga vermelha cheia de água que brincaremos de um jogar para o outro até cansar. Depois nós dois iremos estourar a bexiga juntos, simbolizando o aborto de Maria. As próximas ações são para preparar a última fala dela nesta cena, na qual pensamos em fazer como se fosse um devaneio ferino: eu dentro da piscina deitada me mexendo de diferentes formas e falando comigo mesma.

terça-feira, 31 de maio de 2011

DIÁRIO DE DIREÇÃO - "Ignácio & Maria"

Peça: "Ignácio & Maria"
Autor: Nara Mansur
Elenco: Priscila Souza e Ricardo Goulart
Data: 30/05/2011
Início: 14h20min

Me atrasei, e não há desculpas para isso.
O ensaio foi curto mas produtivo. Tive a impressão de que isso é uma decorrência do último ensaio, onde criamos bastante. De fato, penso que essa peça era uma grande encruzilhada, mas esse elenco foi me mostrando caminhos e soluções extraordinárias, e aquilo que antes era uma incógnita, continua sendo, porém, não é algo desesperador, pois tenho confiança que no momento que compartilharmos nossos pontos de vista e começarmos a criar, chegaremos a ótimas soluções. Que é o que está acontecendo. Concluímos a cena 2, com excessão do longo monólogo da Maria, que será caneteado antes dela iniciar a memoriação/corpoirificação deste.

A princípio, dançamos... dançamos uma música que o Ricardo/Ignácio canta em cena e que me pareceu delicioso (porque também dancei) e o melhor é que se trata de uma música absolutamente brega! O que foi ótimo.

Antes porém, ouvimos a paisagem sonora idealizada pelos artistas. A Priscila trouxe apenas a primeira etapa, não entendi o porquê, mas estava muito interessante, com regravações da própria fala, o que é corajoso e desafiador até certo ponto, adicionando sons que beiravam do caos à significação mais intensa. Gostei muito dessa interferência consciente e artística dela.
O Ricardo mostrou sua paisagem tendo alterado apenas os trechos finais, o que ficou muito bom também. Ambas alternativas são muito boas e nos deram boas idéias quanto à materialidade do ambiente da cena a partir desta paisagem sonora.

Em seguida, começamos a criar a última parte da cena 2, chegando num resultado que já depende da inclusão de elementos me cena que os artistas possam explorá-los e relacionarem-se com eles, transformando-os em seus intercessores lúdicos e/ou imateriais.

Próxima segunda retomaremos a cena 2 do começo, criando uma partitura que pretende-se, seja aperfeiçoada com o tempo. 
Combinamos também que o Ricardo fará a paisagem sonora da cena 2, definitivamente, com os sons necessários aos espaços de cena utilizados.

Gostei muito da solução para o aborto em cena, mas não posso falar aqui qual foi.

Enfim, é isso.

DIÁRIO DE DIREÇÃO - "Ignácio & Maria"

Peça: "Ignácio & Maria"
Autor: Nara Mansur
Elenco: Priscila Souza e Ricardo Goulart
Data: 28/05/2011 (sábado)
Início: 10h às 13h

Hoje começamos a fazer afinações e definições nas criações dos atores sobre soluções para a cena 2.
Começamos com um aquecimento que a Paula Dias e o Claudinei Sevagnani estão fazendo numa disciplina que fazemos em conjunto, para ativar o corpo do Ricardo e da Priscila, haja vista que sendo um sábado, pela manhã, a tendência é cair na preguiça e não deixar o ensaio render.
Fizemos em seguida um "bunda pega-pega" para que os dois pudessem brincar um pouco, abrirem-se para o jogo e, eventualmente, melhorar o humor.
Posteriormente fomos para a cena, onde o elenco se posicionou como demarcado no ensaio anterior, e combinamos de a primeira passada na cena seria apenas para recobrar ritmos, imagens, relações e sons da peça; da segunda em diante, eu estaria em cena com eles, apontando elementos possíveis de se melhorar, isto é, corrigindo posturas, movimentos, entonações, etc, no momento em que ocorressem. Os atores não deveriam em hipótese alguma parar para me ouvir ou prestar atenção, tudo deveria ser feito concomitantemente às instruções sendo dadas, buscando portanto o máximo de concentração, a exemplo do que ocorre em cena, quando o público respira, fala, range, tosse, e os atores devem incorporar essas "instruções" da temperatura da platéia.
Assim fizemos, enquanto iamos repetindo e repetindo por diversas vezes a primeira parte da cena 1, íamos ganhando tempo com as intruções instantâneas (no momento que algo digno de nota/correção acontecia, eu entrava em jogo e os dava um feedback). As respostas me pareceram muito boas. Chegamos a um termo bastante razoável do que será a primeira etapa esta cena.
Em seguida criamos em conjunto a parte do sexo-coreografado, e confesso que me surpreenderam, pois me surgiu a idéia e em duas ou três repetições eles já tinham materializado-a com muita entrega. Acho que não direi qual solução foi adotada, mas posso dizer que a entrega deles deixou o resultado muito bom!
Não chegamos a completar a cena 2, com a última parte, deixaremos para segunda-feira.

Ao término dessa primeira etapa, posso resumir o que ocorreu da seguinte forma:
Pedi para que concluissem a paisagem sonora de ambos. Essa estratégia foi muito positiva, usei 3 intercessores basicamente. Apesar de todos serem tecnológicos, a princípio, só se completam na prática. O primeiro foi para escolherem uma imagem (pesquisada na internet mesmo... mesmo podendo ser de revistas), as quais representassem uma fala ou um trecho da cena. Isso lhes abriu a mente para a construção de uma partitura de movimentos a partir de um repertório imagético obtido. Paralelo a isso, trabalhavamos em cena com a incorporação do texto, enquanto enunciavam seus discursos sendo interrompidos, massageados, estimulados, agredidos, manipulados pelo parceiro, o que lhes forçou a acostumarem-se com o texto enquanto elemento corporal e não só cerebral. Por fim, usei um terceiro provocador (intercessores), o som! Pedi para criarem uma paisagem sonora da peça, antes eles gravaram suas vozes como se acena fosse uma novela de rádio, em seguida sobre esta matriz, adicionaram e editaram sons conforme visualizavam, ouviam ou pretendiam a cena. Isso lhes fez criar uma atmosfera de cena, e o mais extraordinário é que nos deu (a mim e ao parceiro) a idéia do que a pessoa em foco tinha em mente, acentuando diferenças (sempre salutares) e pontos em comum. Imagino que as próximas cenas levarão esses elementos em consideração e outros possíveis, mas talvez não usando as mesmas ferramentas.
Vejamos...
O saldo, até agora, me parece absolutamente animador.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

DIÁRIO DE DIREÇÃO - "Ignácio & Maria"

Peça: "Ignácio & Maria"
Autor: Nara Mansur
Elenco: Priscila Souza e Ricardo Goulart
Data: 23/05/2011
Início: 14h30min

Começamos o ensaio de hoje relativamente tarde por conta de problemas que não podem se repetir para uma equipe que se pretende séria, profissional e ética (lendo-se esta palavra como a característica daquele que reponde pelas próprias ações sem criar desculpas ou projetar nos outros suas próprias responsabilidades).

Fora isso, recomeçamos explorações corporais da cena 2. Passamos dos planos altos para o médio sentado, quando percebemos que o texto estava suficientemente incorporado nessa primeira fase, isto é, eles já conseguiam desenvolver várias ações enquanto enunciavam seus discursos.

Em seguida passamos para uma segunda etapa que foi deixá-los sentados em lados opostos, virados um para o outro e enunciarem seus textos como se estivesses diante de um analista, delegado, psico-terapeuta, juri, ou todos eles em momentos diferentes. Fomos trabalhando tanto o enunciar como o responder, reagir ao texto alheio. Esse procedimento foi repetindo-se pelo resto da tarde para que pudessem sentir e assimilar esta realidade totalmente diversa da anterior, mas deixando dentro de si o movimento que haviam adquirido antes, isto é, não é pelo fato de estarem sentados que estão "mortos", a mesma vivacidade, energia e fluxo deveriam estar ativos e agora internalizados.

Marcamos um ensaio para sábado. Na quinta faremos correções e melhoramentos nas paisagens sonoras que criaram, e incorporaremos as imagens da paisagem visual que propuseram aos movimentos reativos que explorarem durante o ensaio de sábado.

A coisa está interessantíssima.

Sobre o Ricardo 
Pontos positivos: estado de atenção muito bom, entrega total para o que se pede, portanto ótima disponibilidade. 
Coisas que ele pode melhorar: Acreditar mais nas imagens que proporciona e cria; investir mais em pequenas coisas, decorrência do ítem anterior; soltar-se (cada vez mais, de forma gradativa sem pensar que isso deva ocorrer totalmente de uma hora para a outra); seu ponto de equilíbrio também está levemente deslocado para o peito, fazendo com que seus movimentos comecem excessivamente pelo torax, braços. ombros e pescoço, deslocando para baixo, utilizará mais as pernas, bacia/cintura e ventre, melhorando seu próprio equilíbrio corporal.

Sobre a Priscila:
Pontos postivos: estado de disponibiliade (ela se entrega), presença cência (procura estar presente no exercício), corpo maravilhoso, necessitando pequenos ajustes de acabamento, economia, precisão e equilíbrio.
Coisas que ela pode melhorar: O estado de atenção ainda é um pouco (muito pouco) defasado em função de pequenos momentos de insegurança com o texto; explorar os detalhes, as vezes explorar o todo faz com que ela esgote suas possibilidades de movimentos muito rapidamente, e ao explorar o detalhe, perceberá outros detalhes e assim ao infinito.

Ambos precisam começar a definir questões de atuação para começarmos a definir a cena. O laboratório continua para as próximas cenas, mas essa já precisa ficar pronta.

até

DIÁRIO DO ATOR - Tobias Nunnes

Peça: "Canção de ninar para um anarquista"
Autor: Jorge Diaz
Ator: Tobias Nunnes
Data: 28/05

Na tentativa de registrar as últimas sensações: o que permanece a cada nova experiência, a cada novo permitir que o personagem se manifeste; a certeza das lapidações, do costume, da disposição, do combate, frente ao abismo que se abre. Jogar o corpo, esquecer-se enquanto ser por algumas horas, lembrar-se enquanto personagem.

O que o futuro reserva?
Enquanto as flores caem e declinam, o corpo amadurece.

Sinestesicamente:
Sentia o corpo não mais ali ao lado presente. A ausência lhe angustiava. Nos olhos o brilho das lágrimas e a sensação de que permanecerá único por todo o tempo, enquanto memória ainda reste.

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quarta-feira, 25 de maio de 2011

DIÁRIO DO ATOR - Priscila Souza

Peça: "Ignacio&Maria"
Autor: Nara Mansur
Atriz: Priscila Souza
Data: 23/05/2011
Início: 14h30min

Cada um ficou responsável de trazer um áudio contendo as falas da cena 2 da peça, com músicas e efeitos sonoros à escolher. Cheguei atrasada, deixei para em cima da hora para fazer essa tarefa e até aprender a mexer direito no programa demorou, enfim me atrasei. Ouvimos nossos áudios. Adorei a versão do Ricardo, especialmente os sons do coração e o da máquina de medir batimentos cardíacos. Eu fiz três versões, mas menores. Os sons principais que utilizei foram: barulho de máquina de escrever, passos e som de psicose. 

Depois, repetimos a partitura dos movimentos criados no ensaio anterior. Repetimos, repetimos e repetimos e algo não se “encaixou”. Eu me senti estranha, desconfortável e desajeitada em fazer certos movimentos. Era uma improvisação total e nunca repetíamos igual a ação anterior. Até que Carlos propôs uma outra alternativa, cada um sentou em um cubo (feito de madeira que estavam disponíveis na sala de ensaio) virado para um lado da platéia (imaginamos que o publico sentaria em dois lados) e o inicio da cena 2 falaríamos como se estivéssemos em um tribunal, ou seja cada um defendendo a sua versão da história, porque na minha opinião nesta cena Inácio e Maria não se dialogam, mas cada um está no seu monólogo. Brinquei com as palavras: falar de trás pra frente, cantar, gaguejar, berrar, sussurrar, repetir e etc. Adorei essa experiência! Gosto de brincar com as palavras, fazê-las se tornarem estranhas e nojentas de serem ouvidas. Enquanto eu falava Ricardo se movimentava e vice e versa. Esse movimento era imediato e frenético ao som das palavras ditas, como se fosse uma descarga elétrica no ouvinte. Os movimentos foram evoluindo pouco a pouco, conforme adquiri intimidade com o cubo. Na primeira tentativa mexi mais o rosto e fiz caretas. Adorei mexer a língua. Em seguida usei mais o corpo, percebi que tenho iniciativa de movimentar as seguintes partes: cabeça, pernas, braços e mãos. Não necessariamente ao mesmo tempo. Me senti mais confortável, fazendo essas ações do que as criadas no ensaio anterior, porque Carlos foi mais presente como diretor. 

A intenção não é ser um trabalho colaborativo? Será que eu como atriz estou acomodada? Por que é tão difícil criar?

Na última repetição desse trabalho eu e Ricardo ficamos um de frente para o outro, não perto um do outro, mas eu conseguia vê-lo pela visão periférica. Essa sensação de ser observada por alguém que eu consiga ver, me gerou um constrangimento. Ser patética com alguém olhando e eu enxergar esta pessoa me afeta, me causa vergonha. Eu gosto do monstruoso, do nojento e do deplorável em cena. Aquilo que todos nós escondemos, camuflamos e mascaramos. Gosto de brincar com isso, mas ao mesmo tempo como perder esta inibição?

Quero dizer, falar o texto e me mexer naturalmente como falaria no dia-a-dia é fácil, agora modificar e tornar algo performático isso é difícil.

DIÁRIO DO ATOR - Ricardo Goulart

Peça: "Ignacio&Maria"
Autor: Nara Mansur
Ator: Ricardo Goulart
Data: 23/05/2011
Início: 14h30min

Neste ensaio continuamos trabalhando com as partituras que elaboramos a partir das imagens que buscamos para cada fala da cena 2. Mas antes de tudo, ouvimos as paisagens sonoras que Pri e eu fizemos para essa mesma cena (as falas foram gravadas em arquivo .mp3 que deveríamos editar, incluindo sons, efeitos, músicas, etc). O processo dessa composição foi um pouco complicado no início por causa da falta de habilidade com o programa de edição de áudio. No meio da edição é que consegui me familiarizar um pouco mais com o programa e aí a criatividade pôde fluir livremente. Coincidiu que à esta altura da cena está um trecho que tem o subtítulo "Poema coreográfico com feeling", que gosto muito e me transmite a ideia de caos, desordem. Fui procurando sons pela internet que condiziam com aquilo que eu imaginava desse trecho e fui adicionando ao arquivo. Acho que, com a edição, consegui deixar claro o que imagino desse trecho da cena.
Depois de ouvir os dois arquivos editados começamos a trabalhar com a repetição das partituras. Carlos pediu que reagíssemos a alguns estímulos, o que me desconcentrou um pouco, fazendo com que eu esquecesse alguns movimentos ou falas. Neste exercício a intensidade de minhas ações deveriam variar de acordo com a entonação de voz do parceiro. Mais tarde o exercício foi alterado e o que nos foi pedido é que deixássemos que as falas dos parceiros nos afetassem, como se reverberassem no corpo todo ou em alguma parte dele. Particularmente gostei muito do resultado desse último exercício e acho realmente que ele pode ser o rascunho de algo a ser levado à cena.
Na próxima quinta, aperfeiçoaremos a edição do áudio que fizemos. Carlos nos propôs um ensaio extra neste sábado (28/05) e, por mim, a proposta está aceita.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

DIÁRIO DO ATOR - Ricardo Goulart


Peça: "Ignacio&Maria"
Autor: Nara Mansur
Ator: Ricardo Goulart
Data: 16/05/2011
Início: 14h00min

Começamos o último ensaio com um alongamento. Cada um alongava o corpo do outro. Depois, jogamos pega-pega como aquecimento. Era um pega-pega diferente em que para mudar de posição (pegador/fugitivo) deveríamos pegar o parceiro pela bunda. As regras mudaram depois: continuava da mesma para pegar, mas o fugitivo deveria também bater na bunda do pegador o que aumentaria a quantidade de tapas necessários na bunda do outro para mudar de posição.


Depois de aquecidos, começamos a trabalhar com a partitura das imagens que havíamos levado no ensaio anterior. Apesar de já ter as partituras prontas e anotadas, demoramos um pouco para corporificá-las. Uma vez terminada essa fase de "transposição", começamos a trabalhar com a repetição e experimentação. Alguns movimentos que foram criados inicialmente deram impulsos pra outras ideias. Me senti um pouco desconfortável em alguns momentos, acho que uma boa ideia seria usarmos músicas enquanto trabalhamos com essas partituras. Apesar disso, com a repetição, fui me sentindo imerso na repetição dos movimentos, e perdi a noção de tempo.

domingo, 22 de maio de 2011

DIÁRIO DO ATOR - Priscila Souza

Peça: "Ignacio&Maria"
Autor: Nara Mansur
Atriz: Priscila Souza
Data: 16/05/2011
Início: 14h00min

Eu e o Ricardo criamos uma partitura de movimentos baseados em imagens escolhidas para a cena 2 e repetimos várias vezes as ações. Foi um laboratório, testar na prática o que explicamos no ensaio anterior. Consegui visualizar a “sombra” da cena 2, mas há muitos experimentos pela frente. Senti muita resistência de minha parte em testar e errar. Tenho receio de ser ridícula. Brinquei com uma palavra da fala de Maria e me senti assustadoramente tosca. Como perder essa necessidade de agradar em cena? Tentativas e erros são necessários, na teoria é lindo isso. Mas na prática quero ser perfeita, acertar desde primeira. E isso gera um bloqueio e uma acomodação de experimentação. No próximo ensaio quero me esforçar para arriscar mais, sem covardia de julgamentos.

sábado, 21 de maio de 2011

HORA DA PERFORMANCE - Pina Bausch

Pina Bausch (2006) 


Directed by Anne Linsel, Germany, 2006; 44m Before choreographer Pina Bausch and her Tanz-theater Wuppertal were known around the world, her new, unusual and original body language was ill-received. In the early days the audience (and most critics) were irritated and confused. Tumultuous scenes in the audience were not unusual. Pina Bausch speaks about the beginnings of the Tanztheater and the inescapable path she felt she had to follow. She talks about rehearsals, her pieces (more than 30 by now), her co-productionswith other cities and countries and being on tour. Some of her dancers, the set designer Peter Pabst and the costume designer Marion Cito, all of whom have been with Pina Bausch for decades, talk about working with her. Shot in Venice at the Teatro Fenice, in Lisbon and Brussels, and in Wuppertal with the support of WDR Cologne, and Arte France