quarta-feira, 29 de junho de 2011

DIÁRIO DO ATOR - Vanessa Grando

Peça: "Canção de ninar para um anarquista"
Autor: Jorge Díaz
Atriz: Vanessa Grando
Data: 25/06/2011
Início: 15h

A minha postagem anterior é referente ao dia 23/06/2011, quinta-feira, feriado.
Agora, esta aqui sim é referente ao último ensaio, sábado, dia 25.

O que é interpretar? Este foi o início proposto pelo Diretor. Uma pergunta que parece ser tão simples de responder. Isso me lembra como definir, por exemplo, "palavra", quando estudei Morfologia em meu curso de graduação em Letras Português. Parece algo fácil de explicar. Parece. E como é bem difícil dizer o que é interpretar, partimos para a ação.

Estou com a sensação de cada último ensaio tem sido melhor que o último, e assim por diante. Temos a oportunidade de trazer a nossa interpretação, a nossa construção, e este ensaio foi muito gostoso e proveitoso. E digo até engraçado, porque justamente quando tínhamos o texto na "caixola", a força das emoções apagou parte deste... O que fez parecer que naquele momento o que importava era a reação dos personagens, o texto vem depois. Sinto-me cada vez mais ansiosa pela definição dos personagens; cada capítulo que já está na ponta da língua me dá a segurança necessária para trazer novas propostas para a Rosaura. E por mais egocêntrica que eu esteja sendo, isto me deixa muito satisfeita, porque a Rosaura está completamente envolvida com o Balbuena... E isso é muito, muito bom. Estamos em sintonia.

Algumas passagens caricatas me fizeram sentir o espírito do Zacarias (Trapalhões) e do Kiko (Chaves) na Rosaura. E a cada risada arrancada dos presentes ali, é o sentimento de que para o personagem, aquilo não tem graça, pois a sua vida é uma tragédia. Não é o personagem ou o ator que ri para tornar a cena realmente engraçada. O teatro está no público. Está na cabeça de cada um que a assiste.

Como recomendação, comecei a ler "A Ética no Teatro", de Stanislavski, e a pesquisar a vida e obra de Bakhtin. Não basta interpretar... É a busca pelo contínuo aprendizado que nunca termina... Sempre se tem algo a aprender.

Lição do dia: mostrar segurança.

domingo, 26 de junho de 2011

DIÁRIO DO ATOR - Vanessa Grando

Peça: "Canção de ninar para um anarquista"
Autor: Jorge Díaz
Atriz: Vanessa Grando
Data: 25/06/2011
Início: 15h00min

Tenho um comentário dos ensaios iniciais escrito em papel, que fiz durante uma aula da minha graduação e ainda não tive oportunidade de publicá-lo no blog. De qualquer forma, no momento, este será o meu primeiro post no diário.
Tendo começado há mais ou menos dois meses, me sinto envergonhada por não ter podido escrever e publicar minhas impressões após cada ensaio. Primeiro, porque quando eu realmente poderia escrever que seria à noite e em casa, eu não tenho Internet. Segundo, meu emprego é corrido, não tenho a possibilidade freqüente de ficar navegando na Internet e quando ao menos eu tento fazê-lo, sou interrompida, seja para atendimento ou para atender aos meus chefes. Meu emprego consome todo o meu tempo, e não tenho conseguido sequer fazer minhas avaliações acadêmicas, meus trabalhos do curso de TV e, por conseguinte, a dedicação 100% que eu gostaria aos ensaios do Cia. Teatro L.A. CHAMA. E isto foi um desabafo. Então, hoje eu resolvi jogar isso tudo pro alto, e dar o devido valor ao tempo para escrever, o que já deveria ter feito.
Seja como for. Meu emprego não me dá valor em momento algum, enquanto o teatro me faz sentir bem, relaxar, e me sinto satisfeita assumindo a vida de um personagem.

Neste feriado, teríamos ensaio depois de duas semanas parados que foi cancelado em função de uma discussão que definiria o futuro de nossa peça. E foi quando mereci um grande puxão de orelha pela minha irresponsabilidade com os horários. Somo a isso todos os meus aprendizados a cada ensaio de sábado que temos. Não sei se por sermos apenas em três: o diretor, eu e meu colega/amigo de palco, Tobias. Ou porque realmente o conhecimento/experiência está implícito na vida de meu diretor. Eu saio de cada encontro com uma lição. E percebi deste último foi que não importa o seu motivo, se você quer ser profissional, preencha todos os requisitos deste adjetivo. Chegar no horário, fazer o meu dever de atriz, respeitar meu colega e meu diretor. E dentro deste respeito, não é apenas a forma de tratamento, está a consideração por alguém que acredita no meu trabalho e deu-me uma chance de atuar. Cumprir meu horário como combinado em respeito ao meu diretor e meu colega. Sinto-me completamente envergonhada e impotente por não poder corrigir o que já fiz de errado, porque eu mesma deveria ter percebido sozinha estes deslizes. E isto é nada mais do que preocupação comigo mesma. Foi um chamado para avaliar como devo ser profissionalmente se eu quiser o devido respeito.

A partir de hoje eu ainda tenho a oportunidade de corrigir este defeito que quase fez com que tudo fosse suspenso. E como dever, a primeira coisa que fiz quando cheguei em meu emprego, foi sentar e escrever, não importasse o que tenho que fazer de primordial. O meu primordial era registrar minhas impressões dos ensaios e é isso que eu preciso sempre fazer, colocá-las no devido lugar em meu planejamento, seja semanal ou diário, não importa as dificuldades que eu tenha para isso. Farei nem que seja num papel para digitar mais tarde e encaminhar via email. Parar de achar que meus problemas são piores que os dos outros, porque todos têm problemas, o que não interessa a ninguém saber da vida particular de cada um. Se eu assumi um compromisso, devo honrá-lo. Sempre há um jeito pra tudo e não ser que eu tenha preguiça cerebral. Esta foi a minha última lição.

“Canção de ninar para um anarquista” foi um presente e honrarei meu compromisso, não só como por dever, mas por prazer.

DIÁRIO DO ATOR - Tobias Nunnes

Peça: "Canção de ninar para um anarquista"
Autor: Jorge Diaz
Ator: Tobias Nunnes
DATA: 25/06/2011


Várias propostas, e algumas descobertas experimentais. A questão persistente de como se viver um instante não propriamente o seu, sendo uma criação sua e deparar-se com novas questões: o que permanece daquilo que se vive momentaneamente? há consistência no efêmero, ou ele apenas proporciona um instante para que o mesmo seja novamente, em tentativa, repetido e lapidado para que surta em algum resultado?
Sempre haverão acréscimos e reformulações, nada permanece o mesmo por minuto que seja, mutações a cada repetição, a semelhança é a essencia. A certeza é a de que nada dura tempo suficientemente como deveria, mas essa é a proposta... reinventar-se.




Seguindo a vertente das propostas, seguem abaixo um tracklist a fim de sugerir algum som para o radinho do Balbuena que fará Rosaura chorar, podendo também levá-la ao desespero, rsrsr.
Espero que algo possa ser aproveitado.

A EUFORIA:

Coração - Carmen Miranda
TicTac do meu coração - Carmen Miranda
Vou festejar - Beth Carvalho
Coração leviano - Clara Nunes
María Mercedez - Thalia
María la del barrio - Thalia
Mulata assanhada - Elza Soares
Cambalache - Carlos Gardel

A FOSSA:

Volta - Fafá de Belém
Ninguém me ama - Nora Ney
Tema de Simone - Maysa
Apelo - Waleska
Venha - Waleska
Canção de Você - Waleska
Quem eu quero não me quer - Tânia Alves
Sombras - Tânia Alves

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"Nunca um acontecimento se tarda quando se quer realizá-lo"
Theofilos Garr

terça-feira, 21 de junho de 2011

DIÁRIO DE DIREÇÃO - "Ignácio & Maria"

Peça: "Ignácio & Maria"
Autor: Nara Mansur
Elenco: Priscila Souza e Ricardo Goulart
Data: 17/06/2011
Início: 9h

Hoje o ensaio foi bom, uma afinação da cena 2, apesar de que necessitamos de outra afinação.
Iniciamos o processo com um diário oral da cena 2, uma descrição detalhada do que os atores tinham em mente do que seria esta cena. Em seguida brincamos de "pegar de bunda" (para pegar o outro, é necessário um tapa na bunda). Inicialmente o jogo não apresentou variações, foi apenas para aquecer, mas depois eu pedi para que eles "desestabilizasse", isto é, além de defenderem-se, que buscassem desviar a atenção do outro, quebrar o seu objetivo. Então passaram a ser ativos (e não só defensivos) também.

Depois fizemos uma repetição da cena 2, com ajustes e definições.

Estou um pouco preocupado porque acho que as 2 semanas de folga para decorar a cena 3, e realizarmos os exercícios desejados, não foi de muito serventia... se minhas suspeitas se confirmarem, será muito decepcionante!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

SINOPSE - "Ignácio & Maria"

"Ignácio & Maria"
Autora: Nara Mansur
Elenco: Priscila Souza e Ricardo Goulart


Ignácio é alguém que precisa ultrapassar limites. As fronteiras de seu país e do amor que lhe foi imposto por Maria são obstáculos que tenta superar quando decide mudar de vida. Maria se torna prisioneira dentro de seus ideais: é uma militante do "amor evidente" e do regime de seu país. Quando uma ilha se torna prisão e o oceano se converte em grades, uns tentam fugir, outros sonham.
"Ignácio & Maria" nos mostra esse contraponto a partir do desfecho, desde o encontro até o desgaste, de uma história de amor. (por Ricardo Goulart).

Essa é a peça mais "difícil" que temos, não porque seja hermética, mas por ser mais uma das peças poemas de Nara Mansur. A dramaturga não dá ao teatro aquilo que convencionou-se esperar no teatro, seus personagens são mais representações que "personas", seu enredo é mais um grito de liberdade e expressão dentro de uma ditadura comunista que uma fábula clássica com começo meio e fim. O texto foi adaptado e traduzido pela Cia. Teatro L.A. CHAMA, sem qualquer pretenção de alterar sua "lógica poética". Classificaríamos esta como a única peça com características realmente Pós-Dramática de "berço", pelas mãos da própria dramaturga cubana.

HORA DO RECREIO - Los pájaros se van con la muerte (Trailler oficial)

quarta-feira, 8 de junho de 2011

DIÁRIO DO ATOR - Ricardo Goulart

Peça: "Ignacio&Maria"
Autor: Nara Mansur
Ator: Ricardo Goulart
Data: 30/05/2011
Início: 14h20min


No último ensaio conseguimos, enfim, concluir o processo de concepção de ações da cena dois. Até então, havíamos caminhado por metade da cena. Antes disso ouvimos as novas versões das paisagens sonoras que fizemos. No meu caso, não houve muitas modificações porque procurei concluir esse trabalho intuitivamente, de forma que eu fosse adicionando sons à medida que alguma frase, trecho ou palavra me chamasse atenção e me trouxesse algum sentimento/reação.

Começamos, então, a trabalhar na cena a partir do ponto em que havíamos parado no ensaio anterior (ensaio extra que fizemos no sábado, dia 28/05). Gosto bastante das soluções que temos criado e de algumas outras que surgem de repente, por insights meus, da Priscis ou do Carlos.

Parece que logo começaremos a trabalhar com a cena 3. Acho que deveríamos trabalhar mais um tempo com a cena 2, agora que ela está praticamente completa, para que as ideias possam amadurecer. Os exercícios iniciais que fazíamos de aproximação entre os atores foram essenciais, mas talvez tenham acabado consumindo certo tempo do processo. Acho que uma saída seria ensaios extras, onde se trabalhasse exclusivamente a cena já completa e continuar com o fluxo normal do processo durante os ensaios semanais.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

DIÁRIO DO ATOR - Priscila Souza

Peça: "Ignacio&Maria"
Autor: Nara Mansur
Atriz: Priscila Souza
Data: 30/05/2011
Início: 14h20min

Eu relutei por escrever este diário a semana toda. Agora tento ser objetiva e verdadeira em descrever o ensaio passado. No dia seguimos com a cena 2, criamos alguns movimentos desde a metade da cena até o final. A seqüência é esta: depois de tirarmos as cadeiras do palco (lembre-se que no início da cena falamos os “monólogos” das mais diferentes formas) Ignácio e Maria se beijam, estes corpos começam a se friccionar um no outro e descem para o chão. Deitados de barriga para cima e ambos apoiados com as cabeças no ombro do outro. É assim que falamos a parte do sexo, entre respiração ofegante e mini movimentos. Depois, Ignácio levanta, me ajuda a levantar e me pega no colo com o objetivo de me colocar no palanque. Ali falarei meu primeiro “bifão” (não decorado até então) a primeira idéia era Maria vociferar esta fala, como um animal arisco. Mas Carlos sugeriu ela dizer como uma boneca estátua. Achei a idéia genial! Continuando a descrição do ensaio: Ignácio me colocará no palanque e me moldará com os gestos que quiser. Eu estátua vou falar deste jeito, só mexerei a boca e os olhos! Ignácio sentado dentro de uma piscina com água ou de uma piscina cheia de bolinhas de plástico coloridas (não decidimos ainda) me assistirá como se fosse uma televisão, nisso pensamos em brincar com o volume de som, pausa e etc. Em seguida assim que termino a fala desço e entro na piscina, lá irá ter uma bexiga vermelha cheia de água que brincaremos de um jogar para o outro até cansar. Depois nós dois iremos estourar a bexiga juntos, simbolizando o aborto de Maria. As próximas ações são para preparar a última fala dela nesta cena, na qual pensamos em fazer como se fosse um devaneio ferino: eu dentro da piscina deitada me mexendo de diferentes formas e falando comigo mesma.