domingo, 26 de junho de 2011

DIÁRIO DO ATOR - Vanessa Grando

Peça: "Canção de ninar para um anarquista"
Autor: Jorge Díaz
Atriz: Vanessa Grando
Data: 25/06/2011
Início: 15h00min

Tenho um comentário dos ensaios iniciais escrito em papel, que fiz durante uma aula da minha graduação e ainda não tive oportunidade de publicá-lo no blog. De qualquer forma, no momento, este será o meu primeiro post no diário.
Tendo começado há mais ou menos dois meses, me sinto envergonhada por não ter podido escrever e publicar minhas impressões após cada ensaio. Primeiro, porque quando eu realmente poderia escrever que seria à noite e em casa, eu não tenho Internet. Segundo, meu emprego é corrido, não tenho a possibilidade freqüente de ficar navegando na Internet e quando ao menos eu tento fazê-lo, sou interrompida, seja para atendimento ou para atender aos meus chefes. Meu emprego consome todo o meu tempo, e não tenho conseguido sequer fazer minhas avaliações acadêmicas, meus trabalhos do curso de TV e, por conseguinte, a dedicação 100% que eu gostaria aos ensaios do Cia. Teatro L.A. CHAMA. E isto foi um desabafo. Então, hoje eu resolvi jogar isso tudo pro alto, e dar o devido valor ao tempo para escrever, o que já deveria ter feito.
Seja como for. Meu emprego não me dá valor em momento algum, enquanto o teatro me faz sentir bem, relaxar, e me sinto satisfeita assumindo a vida de um personagem.

Neste feriado, teríamos ensaio depois de duas semanas parados que foi cancelado em função de uma discussão que definiria o futuro de nossa peça. E foi quando mereci um grande puxão de orelha pela minha irresponsabilidade com os horários. Somo a isso todos os meus aprendizados a cada ensaio de sábado que temos. Não sei se por sermos apenas em três: o diretor, eu e meu colega/amigo de palco, Tobias. Ou porque realmente o conhecimento/experiência está implícito na vida de meu diretor. Eu saio de cada encontro com uma lição. E percebi deste último foi que não importa o seu motivo, se você quer ser profissional, preencha todos os requisitos deste adjetivo. Chegar no horário, fazer o meu dever de atriz, respeitar meu colega e meu diretor. E dentro deste respeito, não é apenas a forma de tratamento, está a consideração por alguém que acredita no meu trabalho e deu-me uma chance de atuar. Cumprir meu horário como combinado em respeito ao meu diretor e meu colega. Sinto-me completamente envergonhada e impotente por não poder corrigir o que já fiz de errado, porque eu mesma deveria ter percebido sozinha estes deslizes. E isto é nada mais do que preocupação comigo mesma. Foi um chamado para avaliar como devo ser profissionalmente se eu quiser o devido respeito.

A partir de hoje eu ainda tenho a oportunidade de corrigir este defeito que quase fez com que tudo fosse suspenso. E como dever, a primeira coisa que fiz quando cheguei em meu emprego, foi sentar e escrever, não importasse o que tenho que fazer de primordial. O meu primordial era registrar minhas impressões dos ensaios e é isso que eu preciso sempre fazer, colocá-las no devido lugar em meu planejamento, seja semanal ou diário, não importa as dificuldades que eu tenha para isso. Farei nem que seja num papel para digitar mais tarde e encaminhar via email. Parar de achar que meus problemas são piores que os dos outros, porque todos têm problemas, o que não interessa a ninguém saber da vida particular de cada um. Se eu assumi um compromisso, devo honrá-lo. Sempre há um jeito pra tudo e não ser que eu tenha preguiça cerebral. Esta foi a minha última lição.

“Canção de ninar para um anarquista” foi um presente e honrarei meu compromisso, não só como por dever, mas por prazer.

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