segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

FELIZ ANO NOVO!

Parte do poema transcrito abaixo faz parte de um conjunto de provérbios e cantares do poeta espanhol Antonio Machado.

Caminante, son tus huellas
el camino, y nada más;
caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante, no hay camino,
sino estelas en la mar.
Caminhante, são teus rastos
o caminho, e nada mais;
caminhante, não há caminho,
faz-se caminho ao andar.
Ao andar faz-se o caminho,
e ao olhar-se para trás
vê-se a senda que jamais
se há-de voltar a pisar.
Caminhante, não há caminho,
somente sulcos no mar.
Em nome do L.A. CHAMA desejo a todos um FELIZ ANO 2012, ao andar iremos fazendo os caminhos ...

Carlos.

sábado, 24 de dezembro de 2011

FELIZ NATAL!



Dedicada em especial à pessoas queridas que são a razão da existência da nossa Companhia Teatro Latino Americano CHAMA e todos os demais leitores do nosso BLOG.


FELIZ NATAL!!!
  

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

ESTRÉIA - "...IN MEMORIAM"







SERVIÇO:
O QUE: Estréia da peça "...In Memoriam"
ONDE: Igrejinha da UFSC
QUANTO: 21/11/2011
HORÁRIO: 19h
INGRESSO: Entrada franca




SINOPSE:
Uma viúva que poderia ter sido a assassina de seu esposo. Um vagabundo demente, convencido de ser um anarquista, que tem a missão de fazer voar um trem onde viaja ninguém menos que Adolfo Hitler. 
A ação se desenvolve na atualidade e num lugar onde a mulher pretende instalar-se após ter sido expulsa da própria casa porque seu esposo dilapidou até o último centavo do casal. 
Uma vez passado o susto inicial do primeiro contato entre o vagabundo e a mulher, iniciam uma longa conversação que muito revelará sobre o passado de ambos.
Se trata de uma longa discussão entre dois fantasmas sobre a solidão, os sonhos, o passado, os ideais e as ilusões. Porém, toda a problemática pressupostamente vivida pelos personagens parece tão artificiosa e inconsistente quanto possível e verdadeira.

FICHA TÉCNICA:
...In memoriam, a partir do texto “Canción de cuna para un decapitado”, de Jorge Díaz 
Elenco: Vanessa Grando e Tobias Nunnes.
Concepção cênica e visual: Cia Teatro L.A. Chama
Tradução e adaptação: Carlos Silva e Ricardo Goulart.
Assistente de produção: Ricardo Goulart.
Direção: Carlos Silva e Gustavo Bieberbach.
Patrocínio: SECARTE – Secretaria de Cultura e Arte da UFSC

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

HORA DO POEMA - Amado Nervo




Bueno, ¡Y que!

Me dices que a pesar de toda tu filosofía y de tu resolución de permanecer serena, muchas cosas te perturban y entristecen; estás inquieta y tienes aprensiones continuas.

Voy a darte una pequeña receta, vulgar e ingenua, para que te tranquilices de todo temor, de toda inquietud: En cuanto un recelo, un miedo, una aprensión quieran turbar los cristales de tu alma, repite dentro de ti estas palabras: "BUENO, ¡Y QUÉ!"

-"Vas a agravarte de tus dolencias”.

-"BUENO, ¡Y QUÉ!"

-"Vas a morirte..."

-"BUENO, ¡Y QUÉ!"

-"Tu fortuna está minada, y si viene un posible pánico de bolsa, te arruinará".

-"BUENO, ¡Y QUÉ!"

--"Tu amiga Fulana no te quiere: es una solapada enemiga que te causará grandes males".

-"BUENO, ¡Y QUÉ!"

Si incrustas esta frase en tu alma, te inundará una gran paz. Si penetras en el fondo de ese "Y QUÉ", verás que es infinitamente tranquilizador.

En lo más hondo de todas las catástrofes, por espantosas que las supongas, quedará siempre tu yo, inmortal, inaccesible, al cual nada ni nadie puede hacer mal.

Amado Nervo

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Núcleo de Estudos de Estética UFPR: gosto x belo

Núcleo de Estudos de Estética UFPR: gosto x belo: Anne Larue (Reims), ""Un combat esthétique au tournant des Lumières: le beau contre le goût, in: Figures de l'art, n. 2, 1994-96.
referên...

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

DIÁRIO DO ATOR - Priscila Souza

Peça: "Ignácio & Maria"
Autor: Nara Mansur
Atriz: Priscila Souza
Data: 10/08/2011
Início: 15h

No ensaio passado prestei atenção ao fato de meus movimentos não serem contínuos, em geral são acelerados e breves. Não tenho uma boa resistência física, canso fácil. Ou seria por que meus movimentos são rápidos, por isso canso fácil? 

No próximo ensaio realizarei passos mais lentos, porém mais prolongados. As falas foram ditas naturalmente, pelo que percebi, obedecemos aos comandos de imediato de falar mais alto, rápido, fino, grosso e etc. 

Me esforcei para concentrar no meu abdômen durante todos os exercícios, para não prejudicar a minha coluna, já que ela é a minha válvula de escape para tensão. Mas não senti muitos resultados, controlar o abdômen é difícil. Em um exercício (chicotear) eu o executei mal e meu pescoço ficou super dolorido por dias. 

Os ensaios a partir desse semestre reparei que estão mais físicos e menos interiorizados. A intenção é obter consciência corporal e presença no palco. Ainda tenho muito que aprender.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

DIÁRIO DO ATOR - Priscila Souza

Peça: "Ignácio & Maria"
Autor: Nara Mansur
Atriz: Priscila Souza
Data: 03 e 04/08/2011
Início: 17h

No ensaio passado foi o Gustavo quem iniciou os exercícios. Começamos com o aquecimento com o intuito de consciência corporal. Depois realizamos algumas ações como: caminhadas, empurrar parede imaginária, corda bamba, passar por várias cordas, rolar no chão com impulsos partindo das mãos e pés. O objetivo era de cada um conhecer e observar o seu corpo, para os movimentos em cena serem naturais e verossímeis. Em seguida, realizamos 3 ações baseadas em nossas falas da cena 3. Repetimos várias vezes o aquecimento junto com os movimentos, a meta era fazer com fluidez, como se fosse uma dança. 

Senti dificuldade em realizar os movimentos com as falas sendo ditas. Ainda fico perdida no que fazer, sem ter um comando preciso. Penso que criar é difícil enquanto que imitar é mais fácil e cômodo.

domingo, 7 de agosto de 2011

DIÁRIO DO ATOR - Ricardo Goulart


Peça: "Ignácio & Maria"
Autor: Nara Mansur
Ator: Ricardo Goulart
Data: 03 e 04/08/2011
Início: 17h

Retomamos os ensaios no último dia 3, quarta-feira. Contamos agora com a participação do Gustavo, que iniciou o ensaio com aquecimentos e exercícios que estimularam a consciência corporal. Depois começamos um exercício em que deveríamos criar um espaço para cada uma das falas da primeira parte da cena 3. Tivemos alguns minutos para a criação desses espaços e eu acabei confundindo, criando espaços mais abstratos, o que acabou me deixando um pouco desconfortável (e até constrangido) durante a execução do exercício. Esses sentimentos acabaram “podando” as possibilidades de experimentação durante as repetições que se seguiram. Acho que com o tempo, não de maneira satisfatória, mas minimamente, fui conseguindo me desprender disso. Não vejo esse desprendimento como mérito porque o mínimo não é o bastante, mas o lado positivo é perceber que não estou mergulhado em total inércia e que ainda tenho muito a desenvolver.
Na quinta-feira, dia 4, começamos novamente com aquecimento e exercícios propostos pelo Gustavo dando continuidade aos do dia anterior. No último dos exercícios deveríamos criar três ações relacionadas a falas da cena que estamos trabalhando. Depois de ter mostrado essas ações de forma realista deveríamos torna-las abstratas. Então caminhamos pelo espaço e ao comando do Gustavo deveríamos repetir determinada ação em algum lugar específico da sala. Depois disso, Carlos nos pediu que repetíssemos todos os exercícios que realizamos no dia. Não era necessário que todos fossem executados na ordem correta, mas importante se esforçar e lembrar todos. Depois de algum tempo de repetição, começamos a encaixar algumas falas do texto.
O foco nesses dois ensaios foi a repetição para explorar o resgate através da memória corporal. A questão que me surgiu foi: como evitar, policiar a voz da auto análise que me policiou durante os exercícios?

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

HORA DA PERFORMANCE - Ilze Körting

Para quem não viu, eis a entrevista da Ilze no Bom dia Santa Catarina de 05/08/2011


DIÁRIO DE DIREÇÃO - "Ignácio & Maria"

Peça: "Ignácio & Maria"
Autor: Nara Mansur
Elenco: Priscila Souza e Ricardo Goulart
Data: 04/08/2011
Início: 17h

Vou descrever o estudo de hoje descrevendo e fazendo ponderações inclusive sobre o que foi proposto pelo Gustavo. Pra quem não sabe o Guga é parceiro na preparação das peças, não digo co-diretor porque as vezes ele é mais que isso, as vezes é meu diretor também, mas enfim, vejamos:

O ensaio começou com o Gu pedindo pros artistas se deitarem, e conforme deitavam-se observei que ele foi ajeitando seus corpos, alisando, tocando, entrando em contato, ultrapassando limites, criando pontes, ultrapassando obstáculos. Se isso foi inconsciente ou consciente, o fato é que foi muito interessante ver os laços de cumplicidade começarem a se estabelecer naquele momento. Afinal de contas, até para gritar com o ator é preciso estabelecer a ponte adequada para que o grito surta o efeito desejado, e esse primeiro contato me pareceu interessante e importante.
Em seguida, ele (o Gustavo) pediu para que os atores repensassem a respiração, isto é, desacelerassem a máquina corporal com uma longa inspiração/expiração, e assim fizeram, como uma máquina sendo reiniciada. Isto feito, passaram a um exercício de respiração composto por ciclos de 5 pulsos de expiração seguidos de 5 pulsos de inspiração, deitados no chão, acompanhando cada evento (inspirar/expirar) com movimentos de sobe-e-desce dos braços estendidos ao longo do corpo sincronizados com a respiração. Ao fim, foram convidados a respirar normalmente reajustando a respiração.
Porteriormente, ainda deitados, foram requisitados à fazer abdominais lentos, em fluxos contínuos, com os braços estendidos para frente, sentindo cada centímetro das costas subirem e descerem conforme o movimentos se desenvolvia.
Ao término, levantaram-se sem usar o apoio das mãos, o que criou uma cena inusitada e interessante, muito parecida com dança teatro.
Na sequência, no plano baixo (deitados), tinham que "rolar" com o impulso partindo da mão que percorria o corpo (seja pela frente, passando pelo peito e percorrendo até a mão oposta, seja pelas costas, correndo nuca até a mesma direção), transformando esse "rolar" num movimento consciente, lento e conectando todo o corpo nesse giro. Depois, repetiram o mesmo objetivo com o impulso partindo de um pé, percorrendo certa dimensão da outra perna, até que, levados pela torção corporal que este movimento proporciona, acabam por rolar.
Em seguida criaram um espaço ficcional onde havia um emaranhado de elásticos pelos quais tinham que passar sentindo toda a resistência que estes lhes provocavam. 
Seguiram-se ainda uma caminhada pelo espaço, na qual, conforme o comando do diretor, o "condutor" transitava ora sendo o Ricardo ora sendo a Priscila, e o outro tinha a tarefa de copiar, deixar-se conduzir pelo outro.
Após o tempo que o diretor julgou necessário, realizaram outro exercício ficcional imaginando que a diagonal do palco era uma corda bamba o qual deveria percorrê-la, materializando no corpo a imagem que tal ação lhes provocaria em realidade. Cabe um comentário aqui, faltou aos dois atores ousadia e até criatividade para perceberem que vários fatores atuam sobre um corpo numa corda bamba, como o pavor de altura, o medo de cair, etc. O desequilíbrio é apenas um deles, e foi só nessa imagem que investiram. Faltou corpo, voz e intensão.
Notamos agora uma mudança no sentido dos trabalhos, isto é, de uma atividade de aquecimento e consciência corporal o diretor está "aquecendo" os músculos da imaginação e da criatividade dos atores, pois todo agente ficcional é um agente imaginário, invisível, falso, porém real no universo lúdico.
Depois de caminharem "imitando" a forma de caminhar proposta pelo condutor, mantiveram o princípio deste exercício onde o que deveria ser feito não era mais só o "caminhar" mas, criar-se espaço, isto é, o condutor deveria criar um espaço sendo acompanhado pelo conduzido. Esse me pareceu um gancho feito pelo Gustavo no ensaio de ontem, que me pareceu bem apropriado e uma evidente tentativa de ambos, eu e ele, de mantermos nossas propostas cada vez mais conectadas.
Continuando, caminharam pelo espaço tornando-se seres ficcionais cujas características lhes impunha uma forma de moverem-se consciente e coordenadamente, o ser tinha asas, holofotes no peito que apontavam para o alto e frente, armadura e uma coroa que não deveria tombar. 
Por fim, caminharam pelo espaço atentos à comandos que deveriam obedecer de imediato, "abdominal", "pique sem sair do lugar", "stop", "empurra a parede imaginária". Auto explicativos. Após algum tempo, continuando essa tarefa, escolheram 3 ações relacionadas com a cena 3, as quais decuparam, apresentaram um para o outro e, então, transformaram tais ações em movimentos abstratos, compondo uma coreografia. As ações foram fundamentos inspiradores para a coreografia final.
Quando o Gustavo precisou sair, me ocupei de deixá-los repetindo por 20minutos a coreografia recém criada. Então pedi para pegarem seus textos, lerem o bloco 2 de textos da cena 3, por 2 vezes, para restaurar os fragmentos de texto na memória, fixando-se mais na ideia de cada fala do que na sua literalidade, e então pedi para me dizerem todos os exercícios que haviam feito com o Gustavo. Após repetirem, pedi para que fizessem todo o ciclo novamente com começo, meio e fim de cada exercício, resgatando a memória corporal do que haviam realizado. A partitura estava criada com a exceção da transição de uma ação para outra, apenas para que tudo não parecesse uma única ação. Essa transição não foi criada até a última das repetições. Após algumas repetições pedi para que começassem a associar cada ação com uma frase do texto e começassem a experimentá-la. Após esperar o tempo adequado, e as repetições necessárias, pedi para que externalizassem esse texto.
Observações: o Ricardo tem dito o texto da mesma forma da cena 1 à 3. Em vez de deixar o espaço, a ação e o movimento reverberar sobre o seu estado mental e a sua forma de enunciar o texto, ele faz o caminho oposto, impregna a ação realizada com a sua forma. Sua voz está saindo pra dentro, tímida, temerosa de encontrar o outro, no fundo não é medo do público externo, é medo do público interno, do Ricardo que mora dentro e julga o próprio Ricardo. Geralmente ele procura espaços próximos da parede e movimentos curvos, tal como os animais em fuga o escondendo-se. 
A Priscila, por sua vez, tenta impressionar com criações que nos agradem e esquece-se de agradar a si própria com criações que nem dependem de logos ou grandes planejamentos mas, sim, de ousadia, coragem e espontaneidade. Resultado: movimentos, gestos, vozes e corpos repetidos, e muita justificativa cerebral do tipo "não entendi o que queria", quando na verdade o que se busca é que eles "queiram", e desenvolvam sua objetividade, independência e pró-atividade em cena, isso é essencial para a construção da própria poética, e sem poética não há artista, há no máximo um copiador.
Além disso, ambos precisam responder aos comandos imediatamente, se ao caminharem o diretor diz "stop" e eles param no ato, quando o diretor diz "falem mais alto", eles devem falar mais alto, é a mesma lógica. Quando o diretor diz: "põe pra fora", tem que por pra fora, quando diz "deixa reverberar no corpo", "ousa", "não desiste do corpo", o ator DEVE responder ao comando com a mesma atenção e entrega de um "pique", "stop", "empurra a parede". Qualquer  coisa que o impeça disso são bloqueios psicológicos desnecessários e prejudiciais a quaisquer artistas que queiram de verdade encontrar o público em algum momento de suas vidas. A ousadia passa pelo obedecer a um comando sem saber onde ele te levará.
Reparei ainda uma perda considerável de energia, vigor, tônus, da primeira à última repetição, como resultado de quem não está consciente de que uma repetição não é só uma estratégia de vencer-se os bloqueios psicológicos, mas também de aperfeiçoar-se o que foi feito anteriormente. Isto é, há objetivo numa repetição, e esse objetivo tem de ser perseguido.
No fim, Gustavo e eu massageamos os dois, que deitados no chão enunciavam o seu texto como forma de desaquecimento e relaxamento físico. Então, conversamos sobre o que havia sido feito, receberam deveres de casa e combinamos os dias do horário. 
No que tange ao que fizemos hoje, criamos espaços de fora pra dentro, isto é, cada ação composta por um movimentos, por um tempo e por um local, implicava na construção de um espaço que muitas vezes não era percebido como tal pelos atores, mas que com o tempo poderiam associar com locais, os quais o movimento, o tempo, a sensação do que faziam, podia ser aplicada por semelhança.
O Gustavo falou sobre a necessidade de, numa próxima repetição do ensaio, os atore não tomarem as mesmas 2h30min que usaram neste ensaio para chegar no estado psico-físico que estavam, esse tempo deveria ser reduzido cada vez mais, pois o caminho já tinha sido trilhado e os atores deveriam guardar as impressões daquele estado de entrega e de criação para que nos próximos ensaios o tivessem "mais a mão". Essa ideia, conforme citado, é empregada pelo Renato Ferracini.


Frase pra ficar:
"Se falares, fatalmente não te ouvirão ou, se ouvirem, esquecerão. Escrevas e correras o risco de ser lido!"

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

DIÁRIO DE DIREÇÃO - "Ignácio & Maria"


Peça: "Ignácio & Maria"
Autor: Nara Mansur
Elenco: Priscila Souza e Ricardo Goulart
Data: 03/08/2011
Início: 17h

Hoje recomeçamos os ensaios após uma breve pausa de férias.
O Gustavo fez um trabalho físico bastante interessante, que não vou me aprofundar porque talvez ele venha a compartilhar aqui com vocês.
Um interessante desafio que se descortina para nós dois é manter uma conexão de trabalho, isto é, não deve haver transição do que ele faz pro que eu farei, deve ser uma única coisa. O que o Gu propõe eu devo estar atento para resgatar e não deixar perder-se no momento seguinte, que ele deve sentir-se também a vontade para interferir.
Em seguida ao trabalho corporal, compartilhei com os atores duas perguntas, através dos jogos seguintes:
1. que espaço é este? 
2. que corpo é este?
Os jogos tinham relação com a criação de espaços para a ambientação de cada fala do primeiro bloco da cena 3. O início é sempre em transição, isto é, os atores têm o tempo necessário para ambientarem-se com o jogo, as regras e o contexto. Com as repetições, os corpos, vozes, tônus, texto, sentimentos, emoções vão ganhando fluência. Comparo os atores, quando do início de cada jogo, como bezerros que acabaram de nascer, os primeiros passos são vascilantes, experimentais, mas com a repetição eles pegam o jeito.
Por isso, as repetições são importantes para criar o aperfeiçoamento do trabalho e chegar-se a um resultado cada vez mais interessante.
Os dois fizeram tal tarefa, apesar de uma pequena confusão com as regras, feitas pelo Ricardo, que foi corrigido a tempo, mas não o suficiente para comprometer o seu exercício.
A segunda etapa desta atividade é buscar dar abstração às imagens e ações que materializaram os tais locais que criaram para ambientar cada uma de suas falas. Isto é, o que era um gesto de tomar café, por exemplo, servirá de inspiração para a criação de um movimento coreográfico de dança. Essa última etapa não foi realizada por falta de tempo, espero podermos retomá-la hoje.
No mais, conversamos sobre um segredo: uma proposta de encenação mais adequada à poética proposta por esta peça. A ver... não posso comunicar-lhes ainda.

DIÁRIO DE DIREÇÃO - "Ignácio & Maria"

Peça: "Ignácio & Maria"
Autor: Nara Mansur
Elenco: Priscila Souza e Ricardo Goulart
Data: 06 e 07/07/2011
Início: 9h

Fizemos dois ensaios nesta semana. Super produtivos e reveladores para mim. Minha maior dificuldade é estimular o início de um processo de forma gradual, transitória e "indolor', pra não gerar traumas, e o início da cena 3 está sendo assim. 
Estamos nos redescobrindo, redescobrindo o nosso corpo, a nossa voz e o nosso espaço nessa nova cena que é quase uma nova peça. E essa descoberta precisa ser cautelosa para não ser banalizada, tampouco para não criar bloqueios.
Penso que é natural do ator, como ser humano comum que é, projetar no texto as suas frustrações, quando estas ocorrem por motivos diversos. O que pretendo com esse início gradual é justamente evitar que os atores projetem no texto suas frustrações por não tê-lo decorado totalmente, e como resultado, teríamos um elenco que mais cedo ou mais tarde diria: não gosto desse texto. Essa seria uma resultante possível quando se espera que no primeiro ensaio de uma determinada cena os atores conheçam o texto ao pé da letra. Isso é um caminho, mas não o nosso. A descoberta deve ser coletiva, compartilhada e transitória, transição do desconhecido pro conhecido.
E como isso acontece na prática? Realizamos um trabalho de relaxamento, apagamos as luzes, colocamos música e começamos a desenhar nossa kinosfera. Após duas horas de exaustão, que exaure não apenas o corpo mas também a mente, a psiquê e a emoção, aí sim, nos acomodamos e quando nos sentimos confortáveis, iniciamos a pronunciar o texto. Sem pressão, sem preocupação por enunciá-lo bem ou corretamente, não ainda. Ocorre que na maioria das vezes, não preciso pedir aos atores que saim desse estado de quase meditação para iniciar o texto, basta que se acomodem e eles mesmo começam, o que acho positivo.
Quarta fizemos um trabalho com fotos e filmes pelo campus e quinta um trabalho de percepção corporal bem intenso.
O Ricardo começou o texto espontaneamente, a Priscila não gosta de fotografar e o Ricardo de Filmar.
Foi isso.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

DIÁRIO DE DIREÇÃO - "Ignácio & Maria"

Peça: "Ignácio & Maria"
Autor: Nara Mansur
Elenco: Priscila Souza e Ricardo Goulart
Data: 30/06/2011
Início: 9h

Hoje foi o primeiro dia de trabalho da cena 3. Confesso que tenho medo do primeiro dia, ele é a primeira ponte que se estabelece entre o estudo intelectual e memorização verbal de uma cena e sua materialização no corpo. Se não for bem tratado, o primeiro ensaio é o momento de se criar traumas, mesmo que momentâneos ou pequenos, e portanto, problemas a serem diluidos adiante.
Minha estratégia foi deixá-los a vontade e buscar "desligar" o botãozinho do julgamento cerebral e "ligar" o botão da sensorialidade, trazer o inconsciente pro ensaio e dispensar o consciente julgador.
Para tanto, fizemos um trabalho de relaxamento e percepção corporal de aproximadamente 2h, e as 1h restantes foram dedicadas à primeira exteriorização do texto.
No primeiro momento, pedi para que deixassem o corpo lhes ensinar, ensinar a andar, a ser vento, a ser fogo, a ser azul, enfim, deixar o corpo manifestar-se sem impor-lhe pré-planejamentos ou julgamentos limitadores. Por fim, pedí-lhes para serem esse corpo e curtirem esse aprendizado e essa integração, e buscarem a integração completa buscando, os dois, serem um único corpo. Conforme a música fosse cessando, solicitei que fossem esparramando-se no chão (unidos), e quando eles, os corpos, se acomodacem eles poderiam "soltar" o texto da cena 3 sem sairem daquele estado de sensorialidade, de expressividade corporal aguçada e estimulada. Importa dizer que independente das pequenas e naturais cobranças que surgem, o texto saiu da forma mais tranquila e apropriada para uma primeira tentativa. Buscaremos investir nesse trabalho adiante para fortalecer a "amizade corpo-texto-mente", sem criar bloqueios, pré-conceitos, traumas ou desconfortos no texto, OU MELHOR, sem projetar no texto, e por consequência, na peça como um todo, problemas psicológicos que são nossos e que podemos evitar dando às coisas uma a sua devida importância, sem super-valorizá-las.

O ensaio foi belo e me provocou outro "orgasmo" sensorial, isto é, fiquei todo arrepiado em vários momentos. O Ricardo estava num estado de entrega fantástico e a Priscila numa presença física e mental à altura. Repito o já dito: delicioso.

domingo, 3 de julho de 2011

DIÁRIO DO ATOR - Priscila Souza

Peça: "Ignacio&Maria"
Autor: Nara Mansur
Atriz: Priscila Souza
Data: 30/06/2011
Início: 09h

Esse é meu primeiro relato da cena 3, tenho um gosto especial por essa. Maria é uma personagem encantadora: chata, repetitiva, sonhadora, e contraditória. Me identifico com ela, personagem profunda com medos, incertezas e ideologias presentes em nosso cotidiano.

Nesse ensaio começamos com exercícios de alongamento e relaxamento. Depois ao som de algumas músicas deixei meu corpo movimentar-se livre de qualquer comando mental. Adoro movimentos e é como se o meu corpo pedisse uma trégua de tantos comandos rotineiros. Senti uma dificuldade inicial de deixá-lo comandar as ações. Com o exercício me conheci melhor, meu corpo atuou estranho. Cada um tem seu ponto de tensão corporal quando passa por algum stress, o meu é a região das costas. Percebi que os movimentos se concentraram nessa região, nas mãos, pernas e pés. Explorei diferentes meios de me locomover, nos planos: baixo, médio e alto. O mais utilizado foi o plano alto, sinto-me mais confortável. Notei algumas manias corporais como o hábito de mexer os dedos das mãos, ficar na ponta dos pés e abrir a boca. O que significa esses atos sobre mim? Acredito que o corpo “fala”, mas a dificuldade está em identificar a sua denúncia. 

Depois, nossos corpos se encontraram e assim que encontramos uma posição confortável falamos os diálogos da cena. Não lembrei a maioria das minhas falas, tenho dificuldade em decorar textos. O “branco era proporcional a cobrança interna. Será que isso esta relacionado em ter dificuldade de transmitir opiniões pessoais? Talvez.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

DIÁRIO DO ATOR - Ricardo Goulart

Peça: "Ignacio&Maria"
Autor: Nara Mansur
Ator: Ricardo Goulart
Data: 30/06/2011
Início: 09h

No último ensaio (22/06), como me atrasei devido ao trânsito, aproveitamos para fazer cortes de texto na cena 3. É sempre "doloroso" esse momento de cortar texto, principalmente quando se vai alguma fala da qual gostamos muito ou nos identificamos. Pode ser meio tolo, mas às vezes acho que começo a criar algum tipo de relação com algumas falas, as que me chamam mais atenção ou que tem um sentido mais forte, e sinto vontade de guardá-las.

No ensaio de ontem começamos, então, a trabalhar de fato com a cena 3. Fizemos um aquecimento mais leve, na verdade um alongamento, uma conscientização corporal. O exercício seguinte foi uma exteriorização de estímulos.Vínhamos ultimamente trabalhando com a aplicação de estímulos externos ao corpo, mas nesse exercício foi diferente. Carlos pediu que nos concentrássemos e, consequentemente, entrássemos em um "clima" introspectivo. Me pareceu que a ideia era toma consciência do corpo que temos e somos para, então, exteriorizar o que ele nos diz ou guarda. Pedi que ele colocasse um CD da dupla Cocorosie, chamado "Noah's Ark" e a música delas me ajudou muito nesse processo. As melodias calmas, as vozes e instrumentos peculiares...

Depois de se perceber, a instrução era que deixássemos o corpo livre para se movimentar da forma que ele quisesse, sem pensar, sem planejar os movimentos, explorando os planos baixo, médio e alto. Foi um pouco difícil no início, como sempre é pra mim. Principalmente porque me parece que, às vezes, tenho alguma coisa de auto sabotador, como se minha mente fizesse o contrário só porque sabe que é o contrário. Mais ou menos como naquela música que diz "não te dizer o que eu penso, já é pensar em dizer". Mas aos poucos e com a ajuda da música, fui conseguindo me livrar dos pensamentos e os movimentos começaram a fluir naturalmente. Aos poucos, meu corpo foi encontrando o da Pri, e os dois foram interagindo.

Mais tarde, Carlos nos pediu que aos poucos os movimentos fossem cessados e que começássemos a falar o texto da cena 3 na posição em que tivéssemos ficado, sem se preocupar com ordem e exatidão por enquanto. Fizemos, então, um intervalo rápido e depois uma leitura da cena.

Se o ensaio de ontem foi sensorial, só posso defini-lo com um adjetivo: foi uma delícia!

quarta-feira, 29 de junho de 2011

DIÁRIO DO ATOR - Vanessa Grando

Peça: "Canção de ninar para um anarquista"
Autor: Jorge Díaz
Atriz: Vanessa Grando
Data: 25/06/2011
Início: 15h

A minha postagem anterior é referente ao dia 23/06/2011, quinta-feira, feriado.
Agora, esta aqui sim é referente ao último ensaio, sábado, dia 25.

O que é interpretar? Este foi o início proposto pelo Diretor. Uma pergunta que parece ser tão simples de responder. Isso me lembra como definir, por exemplo, "palavra", quando estudei Morfologia em meu curso de graduação em Letras Português. Parece algo fácil de explicar. Parece. E como é bem difícil dizer o que é interpretar, partimos para a ação.

Estou com a sensação de cada último ensaio tem sido melhor que o último, e assim por diante. Temos a oportunidade de trazer a nossa interpretação, a nossa construção, e este ensaio foi muito gostoso e proveitoso. E digo até engraçado, porque justamente quando tínhamos o texto na "caixola", a força das emoções apagou parte deste... O que fez parecer que naquele momento o que importava era a reação dos personagens, o texto vem depois. Sinto-me cada vez mais ansiosa pela definição dos personagens; cada capítulo que já está na ponta da língua me dá a segurança necessária para trazer novas propostas para a Rosaura. E por mais egocêntrica que eu esteja sendo, isto me deixa muito satisfeita, porque a Rosaura está completamente envolvida com o Balbuena... E isso é muito, muito bom. Estamos em sintonia.

Algumas passagens caricatas me fizeram sentir o espírito do Zacarias (Trapalhões) e do Kiko (Chaves) na Rosaura. E a cada risada arrancada dos presentes ali, é o sentimento de que para o personagem, aquilo não tem graça, pois a sua vida é uma tragédia. Não é o personagem ou o ator que ri para tornar a cena realmente engraçada. O teatro está no público. Está na cabeça de cada um que a assiste.

Como recomendação, comecei a ler "A Ética no Teatro", de Stanislavski, e a pesquisar a vida e obra de Bakhtin. Não basta interpretar... É a busca pelo contínuo aprendizado que nunca termina... Sempre se tem algo a aprender.

Lição do dia: mostrar segurança.

domingo, 26 de junho de 2011

DIÁRIO DO ATOR - Vanessa Grando

Peça: "Canção de ninar para um anarquista"
Autor: Jorge Díaz
Atriz: Vanessa Grando
Data: 25/06/2011
Início: 15h00min

Tenho um comentário dos ensaios iniciais escrito em papel, que fiz durante uma aula da minha graduação e ainda não tive oportunidade de publicá-lo no blog. De qualquer forma, no momento, este será o meu primeiro post no diário.
Tendo começado há mais ou menos dois meses, me sinto envergonhada por não ter podido escrever e publicar minhas impressões após cada ensaio. Primeiro, porque quando eu realmente poderia escrever que seria à noite e em casa, eu não tenho Internet. Segundo, meu emprego é corrido, não tenho a possibilidade freqüente de ficar navegando na Internet e quando ao menos eu tento fazê-lo, sou interrompida, seja para atendimento ou para atender aos meus chefes. Meu emprego consome todo o meu tempo, e não tenho conseguido sequer fazer minhas avaliações acadêmicas, meus trabalhos do curso de TV e, por conseguinte, a dedicação 100% que eu gostaria aos ensaios do Cia. Teatro L.A. CHAMA. E isto foi um desabafo. Então, hoje eu resolvi jogar isso tudo pro alto, e dar o devido valor ao tempo para escrever, o que já deveria ter feito.
Seja como for. Meu emprego não me dá valor em momento algum, enquanto o teatro me faz sentir bem, relaxar, e me sinto satisfeita assumindo a vida de um personagem.

Neste feriado, teríamos ensaio depois de duas semanas parados que foi cancelado em função de uma discussão que definiria o futuro de nossa peça. E foi quando mereci um grande puxão de orelha pela minha irresponsabilidade com os horários. Somo a isso todos os meus aprendizados a cada ensaio de sábado que temos. Não sei se por sermos apenas em três: o diretor, eu e meu colega/amigo de palco, Tobias. Ou porque realmente o conhecimento/experiência está implícito na vida de meu diretor. Eu saio de cada encontro com uma lição. E percebi deste último foi que não importa o seu motivo, se você quer ser profissional, preencha todos os requisitos deste adjetivo. Chegar no horário, fazer o meu dever de atriz, respeitar meu colega e meu diretor. E dentro deste respeito, não é apenas a forma de tratamento, está a consideração por alguém que acredita no meu trabalho e deu-me uma chance de atuar. Cumprir meu horário como combinado em respeito ao meu diretor e meu colega. Sinto-me completamente envergonhada e impotente por não poder corrigir o que já fiz de errado, porque eu mesma deveria ter percebido sozinha estes deslizes. E isto é nada mais do que preocupação comigo mesma. Foi um chamado para avaliar como devo ser profissionalmente se eu quiser o devido respeito.

A partir de hoje eu ainda tenho a oportunidade de corrigir este defeito que quase fez com que tudo fosse suspenso. E como dever, a primeira coisa que fiz quando cheguei em meu emprego, foi sentar e escrever, não importasse o que tenho que fazer de primordial. O meu primordial era registrar minhas impressões dos ensaios e é isso que eu preciso sempre fazer, colocá-las no devido lugar em meu planejamento, seja semanal ou diário, não importa as dificuldades que eu tenha para isso. Farei nem que seja num papel para digitar mais tarde e encaminhar via email. Parar de achar que meus problemas são piores que os dos outros, porque todos têm problemas, o que não interessa a ninguém saber da vida particular de cada um. Se eu assumi um compromisso, devo honrá-lo. Sempre há um jeito pra tudo e não ser que eu tenha preguiça cerebral. Esta foi a minha última lição.

“Canção de ninar para um anarquista” foi um presente e honrarei meu compromisso, não só como por dever, mas por prazer.

DIÁRIO DO ATOR - Tobias Nunnes

Peça: "Canção de ninar para um anarquista"
Autor: Jorge Diaz
Ator: Tobias Nunnes
DATA: 25/06/2011


Várias propostas, e algumas descobertas experimentais. A questão persistente de como se viver um instante não propriamente o seu, sendo uma criação sua e deparar-se com novas questões: o que permanece daquilo que se vive momentaneamente? há consistência no efêmero, ou ele apenas proporciona um instante para que o mesmo seja novamente, em tentativa, repetido e lapidado para que surta em algum resultado?
Sempre haverão acréscimos e reformulações, nada permanece o mesmo por minuto que seja, mutações a cada repetição, a semelhança é a essencia. A certeza é a de que nada dura tempo suficientemente como deveria, mas essa é a proposta... reinventar-se.




Seguindo a vertente das propostas, seguem abaixo um tracklist a fim de sugerir algum som para o radinho do Balbuena que fará Rosaura chorar, podendo também levá-la ao desespero, rsrsr.
Espero que algo possa ser aproveitado.

A EUFORIA:

Coração - Carmen Miranda
TicTac do meu coração - Carmen Miranda
Vou festejar - Beth Carvalho
Coração leviano - Clara Nunes
María Mercedez - Thalia
María la del barrio - Thalia
Mulata assanhada - Elza Soares
Cambalache - Carlos Gardel

A FOSSA:

Volta - Fafá de Belém
Ninguém me ama - Nora Ney
Tema de Simone - Maysa
Apelo - Waleska
Venha - Waleska
Canção de Você - Waleska
Quem eu quero não me quer - Tânia Alves
Sombras - Tânia Alves

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"Nunca um acontecimento se tarda quando se quer realizá-lo"
Theofilos Garr

terça-feira, 21 de junho de 2011

DIÁRIO DE DIREÇÃO - "Ignácio & Maria"

Peça: "Ignácio & Maria"
Autor: Nara Mansur
Elenco: Priscila Souza e Ricardo Goulart
Data: 17/06/2011
Início: 9h

Hoje o ensaio foi bom, uma afinação da cena 2, apesar de que necessitamos de outra afinação.
Iniciamos o processo com um diário oral da cena 2, uma descrição detalhada do que os atores tinham em mente do que seria esta cena. Em seguida brincamos de "pegar de bunda" (para pegar o outro, é necessário um tapa na bunda). Inicialmente o jogo não apresentou variações, foi apenas para aquecer, mas depois eu pedi para que eles "desestabilizasse", isto é, além de defenderem-se, que buscassem desviar a atenção do outro, quebrar o seu objetivo. Então passaram a ser ativos (e não só defensivos) também.

Depois fizemos uma repetição da cena 2, com ajustes e definições.

Estou um pouco preocupado porque acho que as 2 semanas de folga para decorar a cena 3, e realizarmos os exercícios desejados, não foi de muito serventia... se minhas suspeitas se confirmarem, será muito decepcionante!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

SINOPSE - "Ignácio & Maria"

"Ignácio & Maria"
Autora: Nara Mansur
Elenco: Priscila Souza e Ricardo Goulart


Ignácio é alguém que precisa ultrapassar limites. As fronteiras de seu país e do amor que lhe foi imposto por Maria são obstáculos que tenta superar quando decide mudar de vida. Maria se torna prisioneira dentro de seus ideais: é uma militante do "amor evidente" e do regime de seu país. Quando uma ilha se torna prisão e o oceano se converte em grades, uns tentam fugir, outros sonham.
"Ignácio & Maria" nos mostra esse contraponto a partir do desfecho, desde o encontro até o desgaste, de uma história de amor. (por Ricardo Goulart).

Essa é a peça mais "difícil" que temos, não porque seja hermética, mas por ser mais uma das peças poemas de Nara Mansur. A dramaturga não dá ao teatro aquilo que convencionou-se esperar no teatro, seus personagens são mais representações que "personas", seu enredo é mais um grito de liberdade e expressão dentro de uma ditadura comunista que uma fábula clássica com começo meio e fim. O texto foi adaptado e traduzido pela Cia. Teatro L.A. CHAMA, sem qualquer pretenção de alterar sua "lógica poética". Classificaríamos esta como a única peça com características realmente Pós-Dramática de "berço", pelas mãos da própria dramaturga cubana.

HORA DO RECREIO - Los pájaros se van con la muerte (Trailler oficial)

quarta-feira, 8 de junho de 2011

DIÁRIO DO ATOR - Ricardo Goulart

Peça: "Ignacio&Maria"
Autor: Nara Mansur
Ator: Ricardo Goulart
Data: 30/05/2011
Início: 14h20min


No último ensaio conseguimos, enfim, concluir o processo de concepção de ações da cena dois. Até então, havíamos caminhado por metade da cena. Antes disso ouvimos as novas versões das paisagens sonoras que fizemos. No meu caso, não houve muitas modificações porque procurei concluir esse trabalho intuitivamente, de forma que eu fosse adicionando sons à medida que alguma frase, trecho ou palavra me chamasse atenção e me trouxesse algum sentimento/reação.

Começamos, então, a trabalhar na cena a partir do ponto em que havíamos parado no ensaio anterior (ensaio extra que fizemos no sábado, dia 28/05). Gosto bastante das soluções que temos criado e de algumas outras que surgem de repente, por insights meus, da Priscis ou do Carlos.

Parece que logo começaremos a trabalhar com a cena 3. Acho que deveríamos trabalhar mais um tempo com a cena 2, agora que ela está praticamente completa, para que as ideias possam amadurecer. Os exercícios iniciais que fazíamos de aproximação entre os atores foram essenciais, mas talvez tenham acabado consumindo certo tempo do processo. Acho que uma saída seria ensaios extras, onde se trabalhasse exclusivamente a cena já completa e continuar com o fluxo normal do processo durante os ensaios semanais.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

DIÁRIO DO ATOR - Priscila Souza

Peça: "Ignacio&Maria"
Autor: Nara Mansur
Atriz: Priscila Souza
Data: 30/05/2011
Início: 14h20min

Eu relutei por escrever este diário a semana toda. Agora tento ser objetiva e verdadeira em descrever o ensaio passado. No dia seguimos com a cena 2, criamos alguns movimentos desde a metade da cena até o final. A seqüência é esta: depois de tirarmos as cadeiras do palco (lembre-se que no início da cena falamos os “monólogos” das mais diferentes formas) Ignácio e Maria se beijam, estes corpos começam a se friccionar um no outro e descem para o chão. Deitados de barriga para cima e ambos apoiados com as cabeças no ombro do outro. É assim que falamos a parte do sexo, entre respiração ofegante e mini movimentos. Depois, Ignácio levanta, me ajuda a levantar e me pega no colo com o objetivo de me colocar no palanque. Ali falarei meu primeiro “bifão” (não decorado até então) a primeira idéia era Maria vociferar esta fala, como um animal arisco. Mas Carlos sugeriu ela dizer como uma boneca estátua. Achei a idéia genial! Continuando a descrição do ensaio: Ignácio me colocará no palanque e me moldará com os gestos que quiser. Eu estátua vou falar deste jeito, só mexerei a boca e os olhos! Ignácio sentado dentro de uma piscina com água ou de uma piscina cheia de bolinhas de plástico coloridas (não decidimos ainda) me assistirá como se fosse uma televisão, nisso pensamos em brincar com o volume de som, pausa e etc. Em seguida assim que termino a fala desço e entro na piscina, lá irá ter uma bexiga vermelha cheia de água que brincaremos de um jogar para o outro até cansar. Depois nós dois iremos estourar a bexiga juntos, simbolizando o aborto de Maria. As próximas ações são para preparar a última fala dela nesta cena, na qual pensamos em fazer como se fosse um devaneio ferino: eu dentro da piscina deitada me mexendo de diferentes formas e falando comigo mesma.

terça-feira, 31 de maio de 2011

DIÁRIO DE DIREÇÃO - "Ignácio & Maria"

Peça: "Ignácio & Maria"
Autor: Nara Mansur
Elenco: Priscila Souza e Ricardo Goulart
Data: 30/05/2011
Início: 14h20min

Me atrasei, e não há desculpas para isso.
O ensaio foi curto mas produtivo. Tive a impressão de que isso é uma decorrência do último ensaio, onde criamos bastante. De fato, penso que essa peça era uma grande encruzilhada, mas esse elenco foi me mostrando caminhos e soluções extraordinárias, e aquilo que antes era uma incógnita, continua sendo, porém, não é algo desesperador, pois tenho confiança que no momento que compartilharmos nossos pontos de vista e começarmos a criar, chegaremos a ótimas soluções. Que é o que está acontecendo. Concluímos a cena 2, com excessão do longo monólogo da Maria, que será caneteado antes dela iniciar a memoriação/corpoirificação deste.

A princípio, dançamos... dançamos uma música que o Ricardo/Ignácio canta em cena e que me pareceu delicioso (porque também dancei) e o melhor é que se trata de uma música absolutamente brega! O que foi ótimo.

Antes porém, ouvimos a paisagem sonora idealizada pelos artistas. A Priscila trouxe apenas a primeira etapa, não entendi o porquê, mas estava muito interessante, com regravações da própria fala, o que é corajoso e desafiador até certo ponto, adicionando sons que beiravam do caos à significação mais intensa. Gostei muito dessa interferência consciente e artística dela.
O Ricardo mostrou sua paisagem tendo alterado apenas os trechos finais, o que ficou muito bom também. Ambas alternativas são muito boas e nos deram boas idéias quanto à materialidade do ambiente da cena a partir desta paisagem sonora.

Em seguida, começamos a criar a última parte da cena 2, chegando num resultado que já depende da inclusão de elementos me cena que os artistas possam explorá-los e relacionarem-se com eles, transformando-os em seus intercessores lúdicos e/ou imateriais.

Próxima segunda retomaremos a cena 2 do começo, criando uma partitura que pretende-se, seja aperfeiçoada com o tempo. 
Combinamos também que o Ricardo fará a paisagem sonora da cena 2, definitivamente, com os sons necessários aos espaços de cena utilizados.

Gostei muito da solução para o aborto em cena, mas não posso falar aqui qual foi.

Enfim, é isso.

DIÁRIO DE DIREÇÃO - "Ignácio & Maria"

Peça: "Ignácio & Maria"
Autor: Nara Mansur
Elenco: Priscila Souza e Ricardo Goulart
Data: 28/05/2011 (sábado)
Início: 10h às 13h

Hoje começamos a fazer afinações e definições nas criações dos atores sobre soluções para a cena 2.
Começamos com um aquecimento que a Paula Dias e o Claudinei Sevagnani estão fazendo numa disciplina que fazemos em conjunto, para ativar o corpo do Ricardo e da Priscila, haja vista que sendo um sábado, pela manhã, a tendência é cair na preguiça e não deixar o ensaio render.
Fizemos em seguida um "bunda pega-pega" para que os dois pudessem brincar um pouco, abrirem-se para o jogo e, eventualmente, melhorar o humor.
Posteriormente fomos para a cena, onde o elenco se posicionou como demarcado no ensaio anterior, e combinamos de a primeira passada na cena seria apenas para recobrar ritmos, imagens, relações e sons da peça; da segunda em diante, eu estaria em cena com eles, apontando elementos possíveis de se melhorar, isto é, corrigindo posturas, movimentos, entonações, etc, no momento em que ocorressem. Os atores não deveriam em hipótese alguma parar para me ouvir ou prestar atenção, tudo deveria ser feito concomitantemente às instruções sendo dadas, buscando portanto o máximo de concentração, a exemplo do que ocorre em cena, quando o público respira, fala, range, tosse, e os atores devem incorporar essas "instruções" da temperatura da platéia.
Assim fizemos, enquanto iamos repetindo e repetindo por diversas vezes a primeira parte da cena 1, íamos ganhando tempo com as intruções instantâneas (no momento que algo digno de nota/correção acontecia, eu entrava em jogo e os dava um feedback). As respostas me pareceram muito boas. Chegamos a um termo bastante razoável do que será a primeira etapa esta cena.
Em seguida criamos em conjunto a parte do sexo-coreografado, e confesso que me surpreenderam, pois me surgiu a idéia e em duas ou três repetições eles já tinham materializado-a com muita entrega. Acho que não direi qual solução foi adotada, mas posso dizer que a entrega deles deixou o resultado muito bom!
Não chegamos a completar a cena 2, com a última parte, deixaremos para segunda-feira.

Ao término dessa primeira etapa, posso resumir o que ocorreu da seguinte forma:
Pedi para que concluissem a paisagem sonora de ambos. Essa estratégia foi muito positiva, usei 3 intercessores basicamente. Apesar de todos serem tecnológicos, a princípio, só se completam na prática. O primeiro foi para escolherem uma imagem (pesquisada na internet mesmo... mesmo podendo ser de revistas), as quais representassem uma fala ou um trecho da cena. Isso lhes abriu a mente para a construção de uma partitura de movimentos a partir de um repertório imagético obtido. Paralelo a isso, trabalhavamos em cena com a incorporação do texto, enquanto enunciavam seus discursos sendo interrompidos, massageados, estimulados, agredidos, manipulados pelo parceiro, o que lhes forçou a acostumarem-se com o texto enquanto elemento corporal e não só cerebral. Por fim, usei um terceiro provocador (intercessores), o som! Pedi para criarem uma paisagem sonora da peça, antes eles gravaram suas vozes como se acena fosse uma novela de rádio, em seguida sobre esta matriz, adicionaram e editaram sons conforme visualizavam, ouviam ou pretendiam a cena. Isso lhes fez criar uma atmosfera de cena, e o mais extraordinário é que nos deu (a mim e ao parceiro) a idéia do que a pessoa em foco tinha em mente, acentuando diferenças (sempre salutares) e pontos em comum. Imagino que as próximas cenas levarão esses elementos em consideração e outros possíveis, mas talvez não usando as mesmas ferramentas.
Vejamos...
O saldo, até agora, me parece absolutamente animador.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

DIÁRIO DE DIREÇÃO - "Ignácio & Maria"

Peça: "Ignácio & Maria"
Autor: Nara Mansur
Elenco: Priscila Souza e Ricardo Goulart
Data: 23/05/2011
Início: 14h30min

Começamos o ensaio de hoje relativamente tarde por conta de problemas que não podem se repetir para uma equipe que se pretende séria, profissional e ética (lendo-se esta palavra como a característica daquele que reponde pelas próprias ações sem criar desculpas ou projetar nos outros suas próprias responsabilidades).

Fora isso, recomeçamos explorações corporais da cena 2. Passamos dos planos altos para o médio sentado, quando percebemos que o texto estava suficientemente incorporado nessa primeira fase, isto é, eles já conseguiam desenvolver várias ações enquanto enunciavam seus discursos.

Em seguida passamos para uma segunda etapa que foi deixá-los sentados em lados opostos, virados um para o outro e enunciarem seus textos como se estivesses diante de um analista, delegado, psico-terapeuta, juri, ou todos eles em momentos diferentes. Fomos trabalhando tanto o enunciar como o responder, reagir ao texto alheio. Esse procedimento foi repetindo-se pelo resto da tarde para que pudessem sentir e assimilar esta realidade totalmente diversa da anterior, mas deixando dentro de si o movimento que haviam adquirido antes, isto é, não é pelo fato de estarem sentados que estão "mortos", a mesma vivacidade, energia e fluxo deveriam estar ativos e agora internalizados.

Marcamos um ensaio para sábado. Na quinta faremos correções e melhoramentos nas paisagens sonoras que criaram, e incorporaremos as imagens da paisagem visual que propuseram aos movimentos reativos que explorarem durante o ensaio de sábado.

A coisa está interessantíssima.

Sobre o Ricardo 
Pontos positivos: estado de atenção muito bom, entrega total para o que se pede, portanto ótima disponibilidade. 
Coisas que ele pode melhorar: Acreditar mais nas imagens que proporciona e cria; investir mais em pequenas coisas, decorrência do ítem anterior; soltar-se (cada vez mais, de forma gradativa sem pensar que isso deva ocorrer totalmente de uma hora para a outra); seu ponto de equilíbrio também está levemente deslocado para o peito, fazendo com que seus movimentos comecem excessivamente pelo torax, braços. ombros e pescoço, deslocando para baixo, utilizará mais as pernas, bacia/cintura e ventre, melhorando seu próprio equilíbrio corporal.

Sobre a Priscila:
Pontos postivos: estado de disponibiliade (ela se entrega), presença cência (procura estar presente no exercício), corpo maravilhoso, necessitando pequenos ajustes de acabamento, economia, precisão e equilíbrio.
Coisas que ela pode melhorar: O estado de atenção ainda é um pouco (muito pouco) defasado em função de pequenos momentos de insegurança com o texto; explorar os detalhes, as vezes explorar o todo faz com que ela esgote suas possibilidades de movimentos muito rapidamente, e ao explorar o detalhe, perceberá outros detalhes e assim ao infinito.

Ambos precisam começar a definir questões de atuação para começarmos a definir a cena. O laboratório continua para as próximas cenas, mas essa já precisa ficar pronta.

até