sexta-feira, 1 de julho de 2011

DIÁRIO DO ATOR - Ricardo Goulart

Peça: "Ignacio&Maria"
Autor: Nara Mansur
Ator: Ricardo Goulart
Data: 30/06/2011
Início: 09h

No último ensaio (22/06), como me atrasei devido ao trânsito, aproveitamos para fazer cortes de texto na cena 3. É sempre "doloroso" esse momento de cortar texto, principalmente quando se vai alguma fala da qual gostamos muito ou nos identificamos. Pode ser meio tolo, mas às vezes acho que começo a criar algum tipo de relação com algumas falas, as que me chamam mais atenção ou que tem um sentido mais forte, e sinto vontade de guardá-las.

No ensaio de ontem começamos, então, a trabalhar de fato com a cena 3. Fizemos um aquecimento mais leve, na verdade um alongamento, uma conscientização corporal. O exercício seguinte foi uma exteriorização de estímulos.Vínhamos ultimamente trabalhando com a aplicação de estímulos externos ao corpo, mas nesse exercício foi diferente. Carlos pediu que nos concentrássemos e, consequentemente, entrássemos em um "clima" introspectivo. Me pareceu que a ideia era toma consciência do corpo que temos e somos para, então, exteriorizar o que ele nos diz ou guarda. Pedi que ele colocasse um CD da dupla Cocorosie, chamado "Noah's Ark" e a música delas me ajudou muito nesse processo. As melodias calmas, as vozes e instrumentos peculiares...

Depois de se perceber, a instrução era que deixássemos o corpo livre para se movimentar da forma que ele quisesse, sem pensar, sem planejar os movimentos, explorando os planos baixo, médio e alto. Foi um pouco difícil no início, como sempre é pra mim. Principalmente porque me parece que, às vezes, tenho alguma coisa de auto sabotador, como se minha mente fizesse o contrário só porque sabe que é o contrário. Mais ou menos como naquela música que diz "não te dizer o que eu penso, já é pensar em dizer". Mas aos poucos e com a ajuda da música, fui conseguindo me livrar dos pensamentos e os movimentos começaram a fluir naturalmente. Aos poucos, meu corpo foi encontrando o da Pri, e os dois foram interagindo.

Mais tarde, Carlos nos pediu que aos poucos os movimentos fossem cessados e que começássemos a falar o texto da cena 3 na posição em que tivéssemos ficado, sem se preocupar com ordem e exatidão por enquanto. Fizemos, então, um intervalo rápido e depois uma leitura da cena.

Se o ensaio de ontem foi sensorial, só posso defini-lo com um adjetivo: foi uma delícia!

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