Peça: "Os pássaros se vão com a morte"
Autor: Edílio Peña
Elenco: Bárbara Danielli e Vera Ferreira
Data: 17/11/2010
Início: 9h00min (no horário)
Hoje fomos ao planetário da UFSC. Assim como fiz com outros elencos, levei as meninas ao planetário para observar:
- que tipo de relações elas (as atrizes) estabeleciam ali naquele ambiente, com aqueles objetos;
- quais objetos elas buscariam e sua ordem;
- como essas relações se transformariam em brincadeiras e como tais brincadeiras influenciariam na relação entre as duas atrizes;
- o que cada relação imprimia ou fazia surgir nas atrizes;
- e, por fim, como essas relação atriz-objeto, atriz-atriz se transformavam em brincadeira e o quanto dessa brincadeira se transformava em jogo.
O que passarei a descrever aqui são algumas observações, tentarei deixar as análises deixo para o final, vamos à elas:
- ambas, Vera e Bárbara se "afetaram" positivamente quando "imergiram" no local, sobretudo porque tinha uma turma de crianças de faixa etária na casa dos 5 anos de idade;
- o primeiro brinquedo escolhido foi a roda a partir do centro de gravidade;
- em seguida a bicicleta na corda bamba;
- depois a cadeira com polias;
- o balanço;
- e por fim, o espelho sonoro.
Não foi meu objetivo trabalhar o corpo com técnicas acrobáticas, de yoga ou algo que o valha, mas, como dito anteriormente, e sucintamente agora: ampliar a relação entre Vera x Bárbara, enquanto pessoas sensíveis (atrizes), e a relação Vera x Bárbara x texto, pois o texto não pode ser maior que elas, e menos ainda que a relação que elas estabeleçam uma com a outra. Quando eu falo em "relação", na verdade estou me referindo à "jogo"! Porque eu quero mesmo é que elas joguem uma com a outra, e que o texto seja "as regras" ou o "tabuleiro" desse jogo, e que, portanto, seja gostoso.
De tudo o que aconteceu, do quanto a Vera se entrega ao jogo, do quanto a Bárbara se abre pra brincadeira, o que mais me chamou a atenção foi o fato de que quando elas estavam no espelho sonoro, sem qualquer comando ou pedido meu, ambas começaram a usar o texto por conta própria, quero dizer, elas começaram a "bater-texto" a partir da cena 3 espontaneamente. Eu achei isso fabuloso. Ao chegar no fim elas retomaram do princípio do texto e estavam tão concentradas nos efeitos do brinquedo que automaticamente concentravam-se no jogo, no texto, nelas mesmas e uma na outra... tudo, intuitivamente, espontaneamente... enfim, o que a Bárbara e a Vera (o Tobias e a Anna Lia também) têm me ensinado é que quando o ator chega na sua espontaneidade, na sua verdade de brincadeira, no seu jogo, a cena surge e afina-se por si. No futuro vou pesquisar mais sobre isso e discorrer mais. Afinal, não é algo trivial, mas importantíssimo para o processo criativo. Pois a diferença de um processo não colaborativo está justamente numa marcação e por fim numa afinação dessa marcação pelo diretor. Acho, ainda não testei, que o pulo do gato está na auto-afinação que espontaneamente eles fazem e numa possível afinação minha ao final, assim chegamos na afinação da afinação ou na super-afinação... papo pro futuro.
Eu gravei um vídeo da Bárbara brincando com o texto e da Vera também, é isso que quero delas sempre, e gostaria que começassem a brincar mais uma com a outra também.
Convido-os para verem mais fotos do ensaio, nos links ao lado e vejam por si o quanto as duas brincaram.
Nossos próximos passos são outros locais, outras brincadeiras, e por fim, criar umas partituras de movimentos.
É isso gente. Mantenham-se antenados no BLOG porque temos 4 ensaios por semana, 8 diários de atuação por semana e 4 de direção... é bastante material empírico e teórico.
Por enquanto.
Ah, o Edílio Peña, autor dessa peça, entrou em contato conosco... e, pasmem, ele é mais legal do que nós poderíamos imaginar! Esperamos fazer uma grande estréia com ele presente, e, surpreendê-lo! E que venha a Nara Mansur e o Alejandro Tantanián também (autores de outras peças que estamos estudando).
Incrivel isso! Fico bem feliz que estejas usando este canal do blog tao bem. Curti muito os diarios online dos processos de Tobias e AnnaLia. Força para voces!
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