sexta-feira, 5 de novembro de 2010

REFLEXÕES DA ENCENAÇÃO

Cada ensaio, depois do diretor ajudar a definir as regras do jogo (lá nos primeiros ensaios) é a continuação de um processo no qual o jogo passa a auto-regular-se, isto é, a criar suas próprias novas regras, a aperfeiçoar as existentes e/ou a eliminar aquelas que não são necessárias ou ineficazes. Por isso, o diretor não deve (ou não precisa) se sentir dono da razão ou senhor do controle de tudo, não se cobre estar no controle, nem busque estar no controle, deixe que o jogo aconteça, não faça coro àquela vozinha que existe na cabeça do ator dizendo-lhe o que fazer ou o que deixar de, apenas deixe-lhe livre, liberto para si, para a espontaneidade, para a criação.
Se assim ocorrer, haverá descobertas explêndidas, são as chamadas descobertas surpreendentes, que te pegam de surpresa, do contrário, se houverem descobertas serão quase que manipulações e/ou conduções.
Atores não são cãezinhos para os quais jogamos o graveto e eles, previsivel e maquinalmente, vão buscá-lo e trazem-nos. Na verdade são eles que decidem o que fazer com o graveto, e nós, que estamos na direção, é que temos que ter a sensibilidade e disposição para estarmos atentos, correr atrás, analisar todos os fatores que envolveram a jogada do graveto, refletir juntos ou provocar reflexões sobre o ocorrido.


Enfim, foram só pensamentos que me ocorreram esta manhã antes de começar o ensaio de Ignácio&Maria, aqui no bosque da UFSC, onde ensaiaremos hoje, no PLANETÁRIO, um local cheio de objetos exóticos para laçarmos como intercessores. Não que os intercessores tenham que ser objetos raros, é apenas pra começar. Depois a gente parte pras coisas mais triviais, pra resignificação do básico. É que aqui tem objetos muito legais que dá vontade de sair brincando, e essa é a idéia, esse é o jogo.
A peça é o grande jogo na verdade, não quero criar jogos para fazermos a peça, quero contruir com eles jogos que resultem num grande jogo final, a peça, talvez as regras desse jogo (ou seria o tabuleiro?) estão lançados na própria peça.

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