domingo, 10 de abril de 2011

DIÁRIO DO ATOR - Priscila Souza

Peça: "Ignácio&Maria"
Autor: Nara Mansur
Atriz: Priscila 
Data: 04/04/2011
Início: 14h05min 

A primeira atividade do ensaio foi ler algumas cenas alternando a velocidade e o sentimento da leitura. Conforme líamos mais rápido, o grau de dificuldade aumentava. Este é um excelente exercício para decorar falas, do qual eu não conhecia.

Segunda atividade: caminhar cada vez mais rápido em direção ao parceiro girar e depois retornar a parede. Esta é uma tarefa de exaustão física e de concentração também. À medida que a velocidade aumentava, tontura e disciplina diminuíam.

Terceira atividade foi provocar sensações de desconforto e constrangimento no parceiro. A primeira vez durou um minuto, na segunda dois minutos e a terceira e última três minutos. Essa sem dúvidas foi a melhor tarefa do ensaio. No primeiro tempo, a ansiedade contribuiu para superestimar a minha vulnerabilidade e recato. Sensação de cócegas a quem assiste parece divertido, mas para quem sente é quase insuportável dependendo da duração e intensidade. Quando o Ricardo me mordeu, doeu bastante, mas resisti à vontade de gritar (sinal que foi pré-estabelecido como forma de parar o exercício), porque de alguma forma adquiri confiança nele e sabia instintivamente que não estava em situação de perigo. Isso quer dizer que o que fizemos ou sentimos foi de mentira? Eu passei a semana inteira pensando sobre. Cheguei à conclusão que não. O fato de o outro não oferecer perigo não significa que não vivenciei aquilo. Ricardo realmente, me mordeu, abaixou minhas calças, fez cócegas e etc. Isso tudo me incomodou. Bem, talvez eu esteja sendo pouco clara. Vou descrever a terceira parte do exercício para explicar melhor. Na terceira vez onde a realização teve uma duração maior, pareceu muito mais rápido. Porque à medida que fomos nos conhecendo por meio do exercício, adquirimos tanta confiança que nesta última vez estava implícito na nossa fisionomia: faça o que quiser comigo. Então, não é porque é falso que não gritamos e sim por confiança no outro.

Quando foi a minha vez de fazer no parceiro. Estava mais confortável do que no ensaio passado. Provocar sensações de desconforto no Ricardo, me fez estar desconfortável. Mas desta vez de uma maneira diferente, arrisco em dizer até que de um modo bom. Eu brincava com ele e vice-versa. 

Depois para finalizar, encerramos com o relaxamento e fizemos uma foto viva. 

Conclusão que obtive. Quando Carlos me falou que o que interessa é o que se cria por meio do jogo com todos os atores envolvidos na cena, eu não me dei por satisfeita. Precisava de provas práticas de que assim realmente funciona melhor. Fui ensinada a pensar e ensaiar a cena em casa sozinha e depois realizar com o restante do grupo. Criar em conjunto é muito mais divertido e garante uma sintonia e vivência real em cena.

Um comentário:

  1. Muito bom o processo que o diretor propos, espero que o trabalho tenha continuidade e frutifique.

    ResponderExcluir