terça-feira, 31 de maio de 2011

DIÁRIO DE DIREÇÃO - "Ignácio & Maria"

Peça: "Ignácio & Maria"
Autor: Nara Mansur
Elenco: Priscila Souza e Ricardo Goulart
Data: 28/05/2011 (sábado)
Início: 10h às 13h

Hoje começamos a fazer afinações e definições nas criações dos atores sobre soluções para a cena 2.
Começamos com um aquecimento que a Paula Dias e o Claudinei Sevagnani estão fazendo numa disciplina que fazemos em conjunto, para ativar o corpo do Ricardo e da Priscila, haja vista que sendo um sábado, pela manhã, a tendência é cair na preguiça e não deixar o ensaio render.
Fizemos em seguida um "bunda pega-pega" para que os dois pudessem brincar um pouco, abrirem-se para o jogo e, eventualmente, melhorar o humor.
Posteriormente fomos para a cena, onde o elenco se posicionou como demarcado no ensaio anterior, e combinamos de a primeira passada na cena seria apenas para recobrar ritmos, imagens, relações e sons da peça; da segunda em diante, eu estaria em cena com eles, apontando elementos possíveis de se melhorar, isto é, corrigindo posturas, movimentos, entonações, etc, no momento em que ocorressem. Os atores não deveriam em hipótese alguma parar para me ouvir ou prestar atenção, tudo deveria ser feito concomitantemente às instruções sendo dadas, buscando portanto o máximo de concentração, a exemplo do que ocorre em cena, quando o público respira, fala, range, tosse, e os atores devem incorporar essas "instruções" da temperatura da platéia.
Assim fizemos, enquanto iamos repetindo e repetindo por diversas vezes a primeira parte da cena 1, íamos ganhando tempo com as intruções instantâneas (no momento que algo digno de nota/correção acontecia, eu entrava em jogo e os dava um feedback). As respostas me pareceram muito boas. Chegamos a um termo bastante razoável do que será a primeira etapa esta cena.
Em seguida criamos em conjunto a parte do sexo-coreografado, e confesso que me surpreenderam, pois me surgiu a idéia e em duas ou três repetições eles já tinham materializado-a com muita entrega. Acho que não direi qual solução foi adotada, mas posso dizer que a entrega deles deixou o resultado muito bom!
Não chegamos a completar a cena 2, com a última parte, deixaremos para segunda-feira.

Ao término dessa primeira etapa, posso resumir o que ocorreu da seguinte forma:
Pedi para que concluissem a paisagem sonora de ambos. Essa estratégia foi muito positiva, usei 3 intercessores basicamente. Apesar de todos serem tecnológicos, a princípio, só se completam na prática. O primeiro foi para escolherem uma imagem (pesquisada na internet mesmo... mesmo podendo ser de revistas), as quais representassem uma fala ou um trecho da cena. Isso lhes abriu a mente para a construção de uma partitura de movimentos a partir de um repertório imagético obtido. Paralelo a isso, trabalhavamos em cena com a incorporação do texto, enquanto enunciavam seus discursos sendo interrompidos, massageados, estimulados, agredidos, manipulados pelo parceiro, o que lhes forçou a acostumarem-se com o texto enquanto elemento corporal e não só cerebral. Por fim, usei um terceiro provocador (intercessores), o som! Pedi para criarem uma paisagem sonora da peça, antes eles gravaram suas vozes como se acena fosse uma novela de rádio, em seguida sobre esta matriz, adicionaram e editaram sons conforme visualizavam, ouviam ou pretendiam a cena. Isso lhes fez criar uma atmosfera de cena, e o mais extraordinário é que nos deu (a mim e ao parceiro) a idéia do que a pessoa em foco tinha em mente, acentuando diferenças (sempre salutares) e pontos em comum. Imagino que as próximas cenas levarão esses elementos em consideração e outros possíveis, mas talvez não usando as mesmas ferramentas.
Vejamos...
O saldo, até agora, me parece absolutamente animador.

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