segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

DIÁRIO DO ATOR - Tobias Nunnes

Peça: "Canção de ninar para um anarquista"
Autor: Jorge Diaz
Ator: Tobias Nunnes
Data: 09/12/2010
De Ensaio - Canção de ninar para um anarquista

Acredito que a ideia do ambiente lúdico influenciar no estado corporal em muito se aplica a partir da visita planejada ao planetário. Foi divertido e agradável. Estive, falando mais particularmente, durante interação com todos os "brinquedos", me sentindo mais conectado e também parte efetiva da composição de toda a peça, da direção que me guia e da contracena que me influencia, me abriga, me acompanha e prontamente me fortifica numa saudável relação; Abre meus olhos, e toca em pontos até então pouco perceptíveis para mim. Estou me (re)conhecendo. Com a crescente responsabilidade, cresce também uma relativa sensação de medo, da possibilidade do inalcançável... de que talvez possa não dar conta do que está a mim sendo delegado, emprestar corpo para que um personagem exista por instantes de forma consistente e convincente. A sensação dominante depois de toda a atmosfera desprentenciosa e natural, lúdica com os briquedos e ouvidos atentos ás explicações do menino bonitinho no planetário, foi de medo. Conforme a velocidade do texto aumentava, Anna Lia em turbilhão propondo que a acompanhasse e atingíssemos o ápice tanto em movimento quanto fala, o estalar de dedos simbólico, o código da velocidade, o palquinho do bosque, a não racionalização... não consegui acompanhá-la, e veio um misto de pára tudo porque vai explodir e você vai sair ferido, fiquei levemente angustiado e consequentemente esqueci o texto, até partes da primeira cena, já consolidadas. Sentei, ouvi Carlos, Amenizou... mas mesmo assim me senti em débito por não ter conseguido sustentar aquela espécie de jogo veloz e voraz. Valeu a tentativa, e isso carrego comigo, o fato de ter tentado e de que isso é parte dessa monstruosa composição. O desafio permanece, e assim como permenece de pé, permanece também aceito.


"Vou... vou levar... o que tempo que for, vou.. vou levar, até devendar caminhos e ver como chego naquele que me leva á você"


[...]

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