quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

DIÁRIO DO ATOR - Tobias Nunnes

Peça: "Canção de ninar para um anarquista"
Autor: Jorge Diaz
Ator: Tobias Nunnes
Data: 10/12/2010



De Ensaio - Canção de ninar para um anarquista

As palavras que melhor podem definir esse encontro (Intitulado - O melhor ensaio) é surpresa e superação. Surpresa pelo fato de surpreender-me comigo mesmo no quesito texto, ousadia e experimentação, tendo me sentido como personagem de fato, vivenciando seu mundo, e suas características (por mais cruas que ainda estejam), como não estive, por mais que tentasse, em nenhum outro ensaio; com Anna Lia pelo fluído e disponibilidade, mantivemos a sincronia, e pela primeira vez jogamos, do início ao fim com alternância de intensidade, e Carlos pelas observações pontuais e presença estimulante. Destaco que a partir desse ensaio consegui desbloquear a figura do diretor como uma espécie de avaliador crítico e passei a enxergá-lo de forma mais leve, como o estimulador do jogo, mais que um público classificado especial (VIP) , mas figura de importância fundamental para construção e reconstrução dessas vidas que estamos nos propondo a trazer á tona. Colaboração. Cabe ressaltar que a parte crítica, observações e conclusões do diretor não estão de todo descartadas, é até muito bom tê-las presente durante os ensaios, apenas, acredito, que a partir de agora consegui chegar, ou estou chegando num estágio em que passo a ver a crítica do que proponho á peça mais como um estímulo e não no sentido de que estou errando e que meu tempo/processo são falhos para o desenvolvimento de todo o trabalho em si. Passei também a enxergar que ousadia enriquece, erro também é estímulo e libertar-se por instantes, esquecer-se de si e de tudo que o circula e o envolve fora dali, contribui muito mais. Na manhã deste ensaio esqueci-me de mim, estava em/com Balbuena, e Balbuena em mim... embora deixasse a vozinha se manifestar apenas quando o texto falhava e não era dito, ou dito sem completa segurança " Você sabe o texto... Você deve saber o texto, pelo menos até tal trecho... Anda! vais conseguir" e pá me jogava.
Minha percepção sobre a peça tem aguçado a cada ensaio, e a cada ensaio, como já dito noutro diário, me sinto mais integrado, mais preparado para apresentá-lo (Balbuena) e mais fortificado em cena.
A sensação prévia foi de esgotamento, como se precisasse me encontrar novamente, acredito que minha energia baixe muito depois de um ensaio intenso, no qual minha doação tanto facial, quanto corporal e vocal, tamanha a vontade, minutos depois, de me recolher, ficar só ou até mesmo de chorar sem qualquer motivo aparente, fico mais sensível.
Acredito que um abismo está se abrindo para me jogar, durante a queda Balbuena se apresenta, e na queda, já caído, retorna o Tobias, sem qualquer ferimento, apenas carregando consigo um misto de estranhamento e leveza. Benéfico.

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