quarta-feira, 24 de novembro de 2010

DIÁRIO DO ATOR - Tobias Nunnes

Peça: "Canção de ninar para um anarquista"
Autor: Jorge Díaz
Ator: Tobias Nunnes
Data: 22/11/2010
Personagem: Balbuena
De Ensaio - Canção de ninar para um anarquista

Apesar do vergonhoso atraso (rs), considero o último ensaio como relativamente positivo. Mesmo com a perda de sincronia (na cena) e prévio esquecimento das últimas descobertas dos ensaios anteriores, julgo este como uma espécie de desmembramento. Está desmembrado por ter sido, ao meu modo de ver, o mais atípico, comparando com a estrutura que vinhamos tendo. Carlos sempre com novas propostas e etc, mas este, não sei, talvez pode ter sido diferenciável pela energia que carregava comigo, muito intensa. Primeiro em virtude do fim de semana e , segundo em função do fatídico atraso, mas enfim... pesares e pesares que serão evitados nos próximos encontros.
A sugestão de adequar o corpo a um animal, me pegou de surpresa, e como já gostando do desafio me peguei pensando na forma de me adaptar a isso, mesmo que por instantes. Volto na questão do atípico, justamente por ter sido a forma como me senti. Destaco a escolha pela serpente, que além de me deixar mais sensível e vulnerável sentimentalmente no decorrer do dia, me proporciounou a sensação de maior força em cena, por mais que se tratasse de um exercício, apenas. Claro que há muito ainda a ser trabalhado, a começar pelas adaptações corporais ao animalesco e que tais características possam, de certa forma estar inseridas na personalidade (inexistente e mutante?) do Balbuena. Também não sei, se os animais escolhidos, por afinidade e certo fascínio que me estabelecem, são os mais indicados e adequados para chegarmos ao resultado que se espera. Mas valem as tentativas.
Porém, ao mesmo tempo em que senti maior força,
vale ressaltar - Anna Lia colaborou muito durante o processo, numa espécie de troca - também veio a sensação de estar preso, uma prisão que eu próprio tenha me colocado, pela escolha da serpente, mas porque necessitava experimentar um tipo de força cênica e certo desconforto corporal, até mesmo para me movimentar. Preso também por não ter total domínio do texto, ainda, diferente de Anna Lia, a mais tempo no processo e conhecimento textual como um todo.
É inegável a sinergia, confiança, liberdade e bem estar em dividir cena com ela, independente de fatores externos que nos ligam, trata-se de uma questão sensitiva mesmo. Falar em sensitivo, eis a palavra que acaba por definir o encontro. Sensitivo, além de novos e incessantes descobertas, a minha: de que talvez seja necessário sentir-se preso para se poder enxergar uma liberdade desfrutável claramente. Balbuena em muito deve ser lapidado, descoberto e experimentado, "ele tem soprado coisas no meu ouvido" durante madrugadas insones, tenho pensando, e a partir de sensações e observações no cotidiano tenho tido maior proximidade ao molde que irá gerá-lo. Por enquanto... coleta de matéria-prima para o molde a partir daquilo que o universo Tobias também pode oferecer. Por certo vamos nos encontrar sincronicamente. Para breve.
"Não se afobe não que nada é para já!"

[...]

"Nunca um acontecimento de tarda quando se quer realizá-lo"
Theofilos Garr

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